domingo, 21 de setembro de 2008

INFÂNCIA DOPADA

Os remédios são cada vez mais usados para tratar problemas mentais de crianças


Célia conta que deixou de ser uma menina alegre em outubro do ano passado.
Tinha um colega de classe que não parava de importuná-la.
Ele falava bobagens em seu ouvido durante as aulas e também no recreio.
Um dia ela se encheu e aplicou um bofetão no insolente.
A professora não falou nada.
Os colegas riram e recriminaram sua atitude.
Foi a partir desse dia que Célia começou a ficar triste.
"Sei que não é motivo, mas foi assim que começou", diz a menina de 13 anos.
Durante uma semana, a mãe de Célia a levava até a porta da escola, mas ela não conseguia entrar.
Ficava tremendo dentro do carro.
A partir daí, deixou de freqüentar as aulas.
Durante meses, teve uma rotina de moribunda.
Só ficava na cama.
Os olhos pretos, sempre chorosos, não encaravam sequer a própria mãe.
Não lia e nem ligava a televisão.
A vaidade, uma de suas características mais evidentes, esmoreceu.
Nem banho queria tomar.
A falta de ânimo era tanta que já não comia mais.
"Não tinha vontade nem de tomar água", lembra.
Com quadro de desnutrição, a menina ficou vinte dias internada no hospital Albert Einstein, de São Paulo.
Oito meses depois do tapa no colega, Célia está melhor, mas continua triste: "Eu quero sair dessa. Quero voltar para a escola. Mas não consigo".
Os dezoito médicos consultados foram unânimes no diagnóstico: depressão.
Ela só começou a sentir-se melhor depois que a mãe venceu o medo e acatou a prescrição de um psiquiatra: hoje Célia toma dois comprimidos de Trofanil por dia e, como o antidepressivo causa disritmia cardíaca, é obrigada a ingerir uma dose de outro remédio para o coração.
Se a tristeza de Célia não tivesse acontecido nos anos 1990, a peregrinação por consultórios teria outro resultado.
Por muitos anos a depressão infantil permaneceu desconhecida.
A visão psicanalítica dominante durante boa parte deste século, recusava-se a reconhecer o distúrbio, alegando que crianças ainda não teriam "superego" maduro o suficiente para manifestação depressiva.
O avanço dos estudos do cérebro mudou essa concepção.
Convencidos de que crianças estão tão vulneráveis a deseqüilíbrios bioquímicos no cérebro quanto os adultos - nos quais desde a década de 1950 se aplicam terapias com remédios -, os psiquiatras entraram de sola no domínio das mentes em formação.
Além da depressão, cerca de outros vinte distúrbios, já são listados como problemas psiquiátricos infantis.
"Isso eliminou muito do preconceito que as doenças mentais tinham", acredita Marcos Mercadante, chefe da psiquiatria infantil da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
"Outro efeito foi acabar com a culpa dos pais, um ranço alimentado pela psicanálise".

"Idéias" - Quando completou 10 anos, o estudante paulista Pedro começou a sofrer com o que ele chama de "idéias".
"Não dá para explicar.
Eu penso umas coisas que não tem cabimento que não quero pensar.
Por exemplo, fico pensando que minha mãe é chata.
A idéia fica na minha cabeça e eu não consigo me livrar dela", conta o jovem hoje com 1.90metros de altura e 16 anos.
Pedro foi diagnosticado como obsessivo-compulsivo e começou a tomar um antidepressivo de nome Anafranil para diminuir a ansiedade e os sintomas obsessivos.
Melhorou, mas mantém a medicação para evitar recaídas.
O psicanalista infantil Bernardo Tanis reconhece que o remédio reduz a ansiedade, mas salienta: "Sozinho, não ajuda a criança a desenvolver seus recursos internos para viver".
Mesmo os mais fervorosos defensores da prática de dar remédio acham que a psicanálise ou alguma das 400 psicoterapias existentes são importantes na superação dos momentos ruins.
Tamanha flexibilidade tem motivos.
O fato de o remémio em muitos casos apresentar resultados mais visíveis e mais rápidos do que as psicoterapias não é uma prova de que as causas dos distúrbios psiquiátricos sejam neurofisiológicas.
O sistema de neurotransmissores responsáveis por todo o processo psíquico, quase sempre está deseqüilibrado num paciente em crise.
Mas a ciência ainda não sabe qo que é causa e o que é conseqüência.
O corpo influencia a mente e a mente influencia o corpo (psicossomática).
Do mesmo modo que uma alteração química pode modificar o emocional da criança, a constância de um pensamento ruim pode produzir o mesmo efeito.

Morte de Senna - O menino Fernando de 9 anos, é exemplo disso.
Ele começou a ter tiques nervosos na tarde do domingo em que o piloto Ayrton Senna morreu.
Ficou 18 horas fazendo repetidamente o som "tssk" com a boca.
Só parou depois que lhe deram um antialérgico no pronto-socorro.
Fernando brincou e estudou normalmente até janeiro deste ano, quando o avô morreu.
O que ele chama de "espirros" voltou com mais intensidade.
Uma junta médica da Santa Casa de São Paulo diagnosticou seu problema como sendo distúrbio de Tourette, uma doença psíquica que afeta uma em cada 2000 pessoas e se caracteriza por tiques motores ou vocais como grunhidos, fungados, tosse ou mesmo palavras ditas com freqüência e sem intenção consciente.
Fernando tem de interromper sua conversa constantemente para "espirrar".
Fica irritado e cansado por causa do tique.
"É muito chato", diz.
"Na escola muitos meninos gozam de mim.
Eu sei que incomoda, eu me esforço mas não para.
Quando me lembro do Senna ou do meu avô, volta forte".
Tudo leva a crer que o distúrbio de Tourette em Fernando seja um problema bioquímico.
A perda do Senna, o deflagrador.
Mas e se for o contrário?
O uso de remédios estaria, nesse caso, apenas reduzindo os sintomas, tratando a conseqüência como causa.
Não são poucos os pais que, dando-se conta dessas incertezas, preferem tentar as duas vias terapêuticasmais e voga: a psiquiatria e a psicologia.
A menina Paloma é uma dessas adolescentes multitratadas.
Ela tem um problema de nome tão desconhecido quanto o de Fernando: tricotilomania.
Aos 11 anos pouco depois de um acidente de carro que matou parentes que gostava muito, Paloma começou a chorar à toa e a arrancar compulsivamente os cabelos.
Faz terapia há cinco anos com psicólogos e toma antidepressivos há dois.
"Fiquei mais calma, choro menos, mas o negócio de arrancar o cabelo não consigo controlar", diz a jovem loira de 16 anos.
A tricotilomania começa geralmente na infância.
A pessoa não consegue resistir ao impulso de arrancar os próprios cabelos, as sobrancelhas ou os cílios.
Tem uma sensação crescente de tensão antes de começar a puxar os cabelos e sente-se relaxada e gratificada depois de fazê-lo.
Em geral, não sente dor.
"É ruim porque é feio. Quando alguma amiga pergunta por que meu cabelo é assim, mudo de assunto. Não quero que me achem esquisita", diz Paloma.

Decisão Difícil - Prescrever remédios para crianças não é uma decisã fácil.
A farmacologia conseguiu eliminar muitos efeitos colaterais graves, mas eles ainda existem.
Além disso, os remédios de uso psiquiátrico específicos para crianças são poucos.
O que os médicos fazem é reduzir as doses recomendadas para adultos.
A FDA, órgão americano responsável pela fiscalização de drogas e remédios, libera para uso em depressão infantil apenas dois medicamentos: o Anafranil e o Trofanil.
Para decidir quando devem prescrever remédios a uma criança, os médicos avaliam quanto os sintomas estão afetando o desenvolvimento, a sociabilidade, o desempenho escolar e a capacidade de criar.
Por mais que os psiquiatras tenten conferir precisão ao diagnóstico, é preciso admitir: são critérios muito subjetivos.
Quando dizer se um menino levado é simplesmente levado ou hiperativo?
Em que momento o chamado desvio de conduta nada mais é do que uma saudável manifestação de independência?
Em casosextremos como o de Marcelo, 8 anos é fácil.
Aluno de 1ª série, ele não consegue prestar atenção à aula.
Ficar sentado na carteita é é algo impossível - salta e bate o pé no chão o tempo todo.
Em casa à noite não consegue dormir.
Se pega no sono, sofre de sonambulismo.
Diagnosticado como hiperativo com déficit de atenção, Marcelo sofre de um distúrbio que afeta 3% das crianças.
Medicado, o garoto melhorou.
Não falta alarmismo às estatísticas sobre o número de crianças com problemas psiquiátricos.
Os compêndios chegam a afirmar que 10% dos meninos e meninas em idade escolar são portadores de distúrbios ou virão a manifestá-los ainda nessa fase da vida.
Nem todos freqüentarão consultórios psiquiátricos, é verdade.
Alguns, por não ter condições para tanto.
Outros por que superarão sem apoios químicos a fase de problemas.
A tendência à medicação precoee, porém, cresce e alarma.
Mesmo psiquiatras - os principais beneficiários da nova onda - vêem com excessos.
O chefe do serviço de psiquiatria infantil da Escola de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, Raul Gorayeb, por exemplo, não hesita em acusar: "Essa tendência à medicamentação tem causa ideológicas e interesseiras. É fruto da hipervalorização dos aspectos biológicos sobre os psicológicos e sociais e de um comodismo em buscar soluções rápidas. A parte interesseira é o marketing agressivo da indústria farmacêutica".

VEJA, 14 DE JUNHO, 1995. pg 66/67

PAIS AUSENTES

Elefantes jovens que cresceram longe da família matam rinocerontes na África


A delinqüência juvenil assumiu proporções gigantescas na -África do Sul - seus rebeldes sem causa podem pesar mais de 5 toneladas e ter cerca de 3 metros de altura.
Não, não se está falando de uma nova tribo de adolescentes humanos supervitaminados, mas de elefantes.
De uns tempos pra cá, grupos de jovens proboscídeos passaram a atacar rinocerontes brancos em vários parques nacionais.
O método obedece a um padrão, por assim dizer, serial: depois de derrubar o cascudo de chifre no nariz, os elefantes ajoelham-se sobre a vítima e enterram as presas em seu corpo.
O resultado é um banho de sangue nas savanas.
Em sua sanha criminosa, os delinqüentes pesos pesados já mataram um homem que estava em seu caminho.
Por que esses jovens andam tão revoltados?
A resposta mais provável poderia figurar num manual de psicologia: porque vêm de lares desfeitos e cresceram sem a orientaçãao e o controle de adultos experientes.
Os bandos que arrepiam as savanas são formados por animais retirados quando filhotes do maior parque da África do Sul, o Kruger.
Seus pais foram mortos para evitar o deseqüilíbrio ecológico representado pelo excesso de elefantes e, em seguida, os órfãos viam-se transferidos para restabelecer a populaçãao de outras reservas.
Como os elefantes vivem em bandos muito unidos nos quais os mais velhos ocupam o papel de educadores e existe hierarquia bem definida, a operação acabou provocando danos psicológicos - talvez irreparáveis - nos adolescentes rebeldes.
"Ninguém os ensinou a ser bons cidadãos", disse a VEJA, mantendo a analogia com humanos, David Barrit, do Fundo Internacional para o Bem-Estar dos Animais, Ifaw.
"Agora são delinqüentes juvenis e não sabemos como contê-los".


FALTA DE LIMITES

A rebeldia parece se agravar entre os machos durante o período da vida em que háa explosão do hormônio testosterona.
Os elefantes, em geral, ficam mais agressivos nessa fase.
Normalmente, porém, os machos mais velhos conseguem colocar os jovens na linha, contend seus ímpetos assassinos.
Não bastasse a falta de limites, os órfãos sul-africanos estão tendo de encarar esse difícil momento mais cedo.
Em Pilanesberg, um dos parques em que rinocerontes são trucidados, alguns elefantes entraram nesse período com dez anos de antecedência em relação ao habitual.
Além disso, eles sofrem as conseqüências do gatilho hormonal durante até três meses, quando o comum é apenas alguns dias.
"Tudo parece ter a ver com a desorganização social por que passaram", disse à revista americana Time a zoóloga Marian Garai.
Desde 1978, cerca de 1500 filhotes foram retirados do Kruger e mandados a outros parques.
"Já imaginávamos que a separação dos adultos pudesse ser traumática, mas não sabíamos quanto", avalia o veterinário Douw Dropler, do parque Kruger.
Na época, não foram removidas famílias inteiras porque não havia equipamento capaz de transportar os adultos.
Isso só começou a acontecer em 1993.
Para tentar compensar o erro inicial, as autoridades estão enviando fêmeas adultas aos locais onde as gangues atuam, especialmente os parques Pilanesberg e Hluhluwe-Umfolozi.
Imaginam que as elefantas possam por ordem no pedaço, já que as fêmeas têm grande poder disciplinador e costumam desempenhar função organizativa no interior das manadas.
Os rinocerontes aguardam ansiosamente a chegada dessas titias.

Flávia Varella. veja 15 de outubro 1997.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

APEGO CORPORAL COMO DEFESA DE VIVÊNCIA EMOCIONAL

TRABALHO
DE
APROVEITAMENTO DO
CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA: PSICOSSOMÁTICA
PROFª/SUPERVISORA: REGINA RAHMI

COMPONENTES:
MEIRE AKEMI TAIRA
VALTER MARANEZI


TEMA: APEGO CORPORAL COMO DEFESA DE VIVÊNCIA EMOCIONAL

"A gente sempre espera ser alguém para descobrir, afinal de contas que é muitos".
(Raymond Devos)

INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO
REGRESSÃO
SOMATIZAÇÃO - PORTA VOZ DO INSTINTO DE MORTE
SOMATIZAÇÃO - ALTO RISCO DAS EMOÇÕES
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA

INTRODUÇÃO


O presente trabalho nos remete a um tema que é pouco comentado entre as pessoas.
Talvez por ele estar intimamente ligado a um tabu, que apesar das evoluções que o mundo vem sofrendo, ainda não foi totalmente derrubado - o homem como um ser indissociado, ou seja, não é só mente, nem é só corpo mas um ser holístico que interage com o mundo, que sofre e provoca modificações e está sujeito às suas emoções, constituído por sua parte bio/psíquica/social que atuam em conjunto na manutenção desse ser humano.
Pretendemos através deste trabalho, comentar alguns aspectos a respeito desse tema - APEGO CORPORAL COMO DEFESA DE UMA VIVÊNCIA EMOCIONAL - não atendo-nos ao enfoque do tratamento mas sim, nessa visão mais abrangente do homem.

PSICOSSOMÁTICA

É a história oculta da vida de um indivíduo que se inscreve no corpo.
Utilizando-se de metáforas, os nossos personagens internos buscam constantemente um palco no qual possam encenar seu roteiro de tragédias e comédias, roteiro este que foi escrito há muito tempo, por um eu infantil que luta para sobreviver num mundo de adultos.
Cada um de nós abriga em seu íntimo, uma quantidade de "personagens" partes de n~´os mesmos que freqüentemente, operam em contradição entre si, causando conflitos, sofrimentos e dor psíquica.
Face a esses conflitos psíquicos o homem é capaz de criar uma neurose, uma psicose, uma perversão sexual e obras de arte ou doenças psicossomáticas.
Artesão de si mesmos essas estruturas lhe garantem um falso eqüilíbrio e um sentimento de identidade e por esta razão, uma resistência ferrenha se ergue contra tudo que possa abalar essa fortaleza psíquica.
O sujeito empenha-se em manter essas estruturas, porém não se dá conta de que muitas vezes, essas mesmas estruturas podem representar a fonte de seu sofrimento.
Entre essas manifestações, falaremos neste trabalho das manifestações psicossomáticas.

REGRESSÃO

O indivíduo psicossomático, pela dificuldade de simbolizar suas emoções, regride a um estado primitivo de desenvolvimento emocional para denunciar seus conflitos internos.
Tal qual o bebê que ainda não possui recursos próprios para expressar verbalmente suas emoções, conflitos internos, desejos e que por esta razão, utiliza-se do seu corpo para expressá-las.
O indivíduo tem um agir de caráter compulsivo que se manifesta na tentativa de compensar uma falha na simbolização, conseqüentemente, uma hiperatividade que o impossibilita entrar em contato com seus sentimentos e suas emoções.
A maneira de um indivíduo psicossomático se expressar, bem como seu relacionamento com o outro e consigo mesmo, seus pensamentos são permeados pelo conceito de PENSAMENTO OPERATÓRIO.
É um modo de expressão desvitalizado, ou seja, é uma maneira racional e concreta de ser.
O indivíduo não tem palavras para nomear seus estados afetivos (ALEXITIMIA) predominando uma pobreza no conteúdo verbal.
A alexitimia surge como defesa contra a experiência de uma vivência emotiva que parece ameaçadora para a integridade do indivíduo, mantendo assim um estado de morte interior.

SOMATIZAÇÃO - PORTA VOZ DO INSTINTO DE MORTE

A somatização, ao contrário de outos fenômenos mentais, está aliada ao instinto de morte, ou seja, o desejo de continuar vivendo parece no mínimo inapropriado.
Percebemos isso na violenta agressão que o indivíduo desfere contra o próprio corpo, na tentativa de bloquear seus desejos, ou então, ao invés de satisfazer seus estados afetivos, afundará numa inércia psíquica que nada mais é do que um retorno ao estado mais primitivo do ser humano - indiferenciação (simbiose).
Provavelmente isso se deve ao estado de proteção, cuidados e carinho em que se encontrava nesse estado, não necessitando entrar em contato com a sua realidade.

SOMATIZAÇÃO - O ALTO RISCO DAS EMOÇÕES

Até que ponto o estado emocional influencia o desenvolviment das doenças?
Temos que nos dar conta que o corpo não é só um conjunto de órgãos, mas uma unidade viva que a natureza de cada um regula e harmoniza.
Assim sendo, não se relega a um segundo plano o papel das emoções no desenvolvimento das doenças.
Sinal de alerta: emoções não vivenciadas podem gerar sérias doenças.
Não se separa mente do corpo. Dizemos isso para lembrar a mentalidade organicista ainda hoje vigente nas escolas de medicina que insistem em separar o que é da mente e o que é do corpo.
Os médicos e estudantes de medicina têm uma dificuldade muito grande em aceitar o que é INCONSCIENTE.
Pode-se afirmar que o desenvolvimento das doenças pode também ser determinado pelas emoções.
Um fator de predisposição genética aliado ao fator psicológico leva ao desencadeamento de doenças.
Isso significa que durante períodos de tensão, quando ocorre alterações hormonais, um indivíduo pode apresentar os sintomas de uma doença para a qual tenha uma predisposição hereditária.
A relação que o indivíduo tem com seus transtornos é cheia de mal entendidos.
As fantasias inconscientes são determinadas no período de zero a sete anos de idade - fase importantíssima para a formação da personalidade e de todas as doenças que podem vir a se desenvolver posteriormente.
Observa-se que por trás da queixa clínica se escondem as dificuldades emocionais.
A ansiedade está sempre aliada à doença.
Em cardiologia duas coisas chamam a atenção - a influência das emoções na somatização e na hipertensão arterial.
O próprio infarto muitas vezes está ligado a uma situação para a qual o indivíduo não vê saída.
Quando a pessoa não consegue exprimir sua angústia, seu organismo acaba falando por ela através de um sintoma de uma doença.
O fenômeno psicossomático é algo primitivo onde o homem usa um órgão para se defender.
Quando não suporta a dor mental, ele sacrifica o corpo para não sacrificar a mente.
Então pode-se dizer que isto é uma tentativa desesperada de se manter vivo.
A psicossomática como está sendo vista agora, pode mostrar o organismo da pessoa também como sede de uma série de conflitos, como um lugar onde acontecem ilusões e destruições por falta de adaptação.
Há a necessidade de se fazer uma retradução para que a pessoa possa se escutar mais, porque a maioria delas nunca teve contato consigo mesmo.
O importante é trazer a informação de que elaborando melhor as próprias necessidades, abrem-se outras possibilidades de afeto, pode-se viver sem o medo e tensão, como se estava vivendo e, conseqüentemente, protegendo o próprio corpo.


DESCRIÇÃO DE DOENÇAS

Hipertensos e infartados podem aprender a controlar os sintomas.
Os indivíduos infartados têm histórias de vida muito semelhante às dos pais e a grande maioria apresenta um antecedente da doença na família.
A pele, como órgão exposto, é o veículo ideal para chamar a atenção - ter escamações ou manchas na pele é como dizer: "Preciso de ajuda".
O melanócito tem ligação com o sistema nervoso central principalmente quando se verifica o fator emocional marcando o surgimento do vitiligo.
É notório que quando se começa a discutir a causa emocional que foi marcante e atuou como desencadeador da lesão, algumas pessoas começam a pgmentar.
O vitiligo no pênis e na vagina não é aparente mas é evidente para a relação com o outro.
De qualquer maneira, o vitiligo - uma patologia não contagiosa - impõe-se sempre como uma barreira na relação com o outro.
A psoríase - lesões escamativas que podem se transformar em feridas - também é algo que serve como anteparo à barreira na efetivação de uma relação.
O herpes simples, labial ou genital (dois locais de bastante importância na relação com o mundo) é também uma patologia de fundo psicossomático.
Através do herpes, o indivíduo coloca para fora uma afeição.
O estresse e a tensão emocional são dois fatores que contribuem para o seu desencadeamento.
A dor na relação sexual pode ser um problema psicossomático.
Entre as patologias de fundo psicossomático tipicamente femininas há a dispareunia, dor vaginal qua aparece durante a relação sexual.
Verifica-se que houve um trauma que processou na infância ou um trauma real como uma experiência mal sucedida.
Muitas vezes a dor no relacionamento sexuaal ilustra a tentativa de evitar entrar num processo de identidade feminina.
Descartadas as causas orgânicas, a esterilidade feminina é outra patologia atribuída a fatores psicossomáticos.
A negação da gestação é uma das doenças que pode ser também psicossomática.
São bloqueios que acontecem na pessoa e que impedem a realização de uma função.
O câncer de mama também é uma patologia típica nessa abordagem psicossomática - as mulheres mal amadas, que tiveram dificuldades de serem aceitas na infância, com negação de carinho, apresentam maior incidência de câncer de mama porque o seio é o primeiro contato que se tem na relação afetiva.

CONFLITOS SEXUAIS MASCULINOS

Os três grandes conflitos que o homem enfrenta são a ejaculação retardada, precoce e a impotência.
A própria impotência pode ser muitas vezes produto da ejaculação precoce na medida em que o homem vai se sentindo frustrado por não satisfazer a mulher, vive a antecipação da falha nas relações posteriores, desenvolvendo grande estado de tensão.
A maioria dos homens que procura ajuda terapêutica, o fazem já em estado avançado, quando se estabeleceu um conflito entre o casal.
Na gastroenterologia as patologias onde se observam mais claramente o componente psicossomático são as doenças funcionais do aparelho digestivo, que envolvem uma tividade motora e escretora exagerada.
A úlcera gastroduodenal desenvolve-se como episódio da vida do indivíduo, em decorrência de conflitos não resolvidos e que ficam albergados em seu mundo inconsciente.
A retocolite ulcerativa é uma doença de etiologia desconhecida mas que encontra nos fatores emocionais condições para uma exagerada atividade motora e secretora dos intestinos chegando a evacuações com emissão de muco, catarro e sangue.
Portadores dessa doença carregam uma neurose desde a infância.
São pessoas que pouco usam a palavra, extraordinariamente fechadas, não tomam atitudes em defesa de seus interesses, têm grande temor a autoridade paterna e nítida fixação materna.
Quando a realidade impõe uma decisãao frente a vida desses indivíduos, pode eclodir a doença, ou seja, o corpo manifesta esse conflito íntimo.
A retocolite ulcerativa não é doença rara e pode levar à morte precocemente. Quando isso acontece, essas pessoas ou não foram tratadas ou possuem um desejo inconsciente de morte muito forte (instinto de morte).
As pessoas que vivem tensas, sob estresse contínuo, causando a si próprio angústia, ansiedade e pânico, predispõem-se mais à essa doença.
A asma está relacionada a ressentimentos passados com relação aos pais no período da infância, ressentimentos estes que não puderam ser expressados e que na fase adulta, aparecem em forma de sintoma orgânico.


CONCLUSÃO

"Para curar o corpo humano é necessário ter-se um conhecimento das coisas como um todo". (Hipócrates)

Gostaríamos de deixar como conclusão de nosso trabalho, a imprtância de percebermos o ser humano como um ser holístico.
Embasados nesta visão, nós enquanto profissionais ligados à área da saúde, e todos aqueles que têm como essência o estudo do homem, poderíamos estar deixando de lado a parte da nossa onipotência e estarmos mais receptivos às contribuições e conhecimentos do outro.
Acreditamos que só assim poderíamos ter uma vaga noção dessa tão complexa e importante estrutura que é o HOMEM.
Procurar estarmos mais atentos, não só a sintomatologia em si, mas também percebermos qual é a mensagem que o paciente está querendo nos transmitir daquilo que está sendo tão insuportável a ponto de se prejudicar fisicamente.
A psicossomática como visão de medicina integral pode ser traduzida por menos medicação e mais compreensão ao paciente.


BIBLIOGRAFIA

ANZIEU, D. O Eu - Pele.
DEJOURS, C. O Corpo entre a Biologia e a Psicanálise.
DEJOURS, C. Repressão e Subversão em Psicossomática.
Mc Dougall, J. Teatros do Corpo.
Mc Dougall, J. Teatros do Eu.

domingo, 7 de setembro de 2008

MÃE SOLTEIRA - Num enfoque sociológico

UNIVERSIDADE PAULISTA
Curso: Psicologia.
Disciplina: Psicologia Experimental I (PEX I)
Turma: 3P5

20.725 Adriana Noronha da Silva
19.557 Andrea Minello
18.741 Eduardo M. Lopes
18.921 Kelly Bonadio O Ramos
18.755 Maria Célia Matos
21.667 Neide Craid
22.957 Sérgio Ricardo de Campos
20.309 Valter Maranezi


POEMA À MÃE SOLTEIRA

Esquece, amiga, se restam tristezas,
caso fostes no amor injustiçada;
nos corações maternos há grandezas
que apagam a solidão de uma jornada...

E não descuides nunca da estrada
das tempestades, em fatais surpresas;
és mãe, igual as outras, consagrada
e amada podes ser em profundezas...

Quando escuto cantares bem baixinho,
embalando em vigílias teu filhinho,
vejo uma santa muito enternecida...

Mensageira da vocação suprema
das mulheres, eu te oferto este poema,
e que sejas feliz em toda a vida...

Germano Barros de Souza.
do "Correio do Estado", Campo Grande,
12-13 de março de 1977.


DEPOIMENTOS

"Eu namorava um rapaz fazia dois anos, quando engravidei. Então assumi sozinha a situação, mesmo ele dizendo que nós íamos ficar juntos. Quando entrei no segundo mês de gravidez, ele deixou um bilhete na portaria do meu prédio e sumiu. Eu me senti muito deprimida, pois era uma situação pela qual eu nunca tinha passado, então o desespero tomou conta de mim; eu senti muita falta dele, afinal tínhamos um relacionamento de mais de dois anos. Ele fugiu da situação e eu fiquei sozinha.
Daí começou o conflito na minha cabeça: como vou falar para meu pai, como enfrentar tudo? Eu precisava dele para um apoio moral. Nessa hora, realmente, eu precisei dele e ele não estava presente.
Então, depois que minha filha nasceu e tudo estava resolvido, porque voltar com ele? Eu já tinha enfrentado uma sociedade cheia de preconceitos e, o pior, a família.
Eu tive uma criação muito rígida. Quando fiquei grávida, solteira, não foi fácil meu pai aceitar porque para ele eu tinha feito uma coisa errada, e não era daquele jeito que ele havia me ensinado. Ele se preocupou até com o que as pessoas iriam pensar a meu respeito. A barra foi pesada demais, só com o passar dos meses foi que ele se conscientizou que tudo era realidade.
Quando o rapaz me deixou eu fiquei revoltada, angustiada, me senti rejeitada, enfim fiquei numa pior. Mas, com muita fé em deus, fui à luta e consegui vencer sozinha todos os obstáculos que encontrei pela frente. Quando a menina nasceu, eu já não precisava mais dele, pois tudo já estava bem e minha família estava me apoiando.
Ficamos sem nos ver por mais de um ano. De repente, ele apareceu para conhecer a criança e começou a freqüentar a minha casa, e o envolvimento começou novamente.
Quando a menina tinha nove meses de idade ela quase morreu (teve um derrame cerebral, ficando totalmente paralisada do lado direito).
Daí a família dele, que nunca quis o casamento, começou a pressionar para nós nos casarmos, pela situação da criança. Na época eu já não queria mais me casar: o pior já tinha passado sozinha, e o que eu sentia por ele já não era a mesma coisa, pois eu tinha ficado muito magoada com as atitudes dele.
O tempo foi passando e, quando a criança tinha um ano e seis meses, o casamento se concretizou, por pressão das famílias, porque para elas a situação não era normal: eu solteira, com uma criança, na situação que estava, precisava da mãe e do pai juntos.
As famílias acham que o casamento é a solução. Na minha opinião, não é. Vivemos juntos apenas oito meses, quando de repente, ele juntou tudo o que era dele e voltou para a casa dos pais. Se eu não tivesse me casado, teria evitado passar várias coisas desagradáveis: casamento com a pessoa errada, separação, desquite etc. Então, tudo voltou como antes, eu sozinha criando minha filha.
(Ana, março, 1988)

Menina e moça, que poderia ser manequim bem sucedida, traz a criança, aconchegada e rechonchuda.
"Sou mãe solteira. Ele prometeu casar comigo, mas não cumpriu o prometido. Quando nasceu esta menina, faz quinze dias, ele saiu sem dizer nada, e não voltou. Nem vai voltar. Eu me enganei pensando que ee tinha caráter. Não tinha não, não vale nada. Agora estou com minha filha (beija a criança) para criar. Até agora meu pai cuidou. Mas eu queria me empregar. O senhor tem algum emprego? Eu sei fazer qualquer trabalho".
(A.H.) Publicado em Mulher Libertação, 1985, nº 3, p. 62.

"Ao saber de minha gravidez, fiquei um pouco insegura e um pouco confusa. Não sabia como iria dar a notícia a meus familiares.
O comportamento do meu companheiro foi uma decepção para mim. Senti nele uma pessoa fria diante de uma situação que eu não sabia como agir.
Percebi em seu rosto uma resposta assim: "Que se dane você; não quero nem saber".
Diante do ocorrido, os dias, os meses, os segundos iam passando, quando resolvi contar a notícia a minha família. Confesso que foi um "choque" para todos. Mesmo assim não me abandonaram, não me criticaram, e sim me deram a maior força do mundo. Eu já não estava mais sozinha.
Enfrentei diversos tipos de reação, senti em cada rosto das pessoas um pouco de discriminação. Umas diziam: "-Nossa! Fulana casou. Ninguém soube, e já está de barriga!". Outras diziam: "-Você é maluca! vai enfrentar essa barra sozinha. Você não pensou no aborto?"
Agora, neste momento, estou refletindo, escrevendo um pouco da minha vida, o que passei, lembrando as olhadas viradas das pessoas quanto ao meu estado. Hoje, posso dizer que sou a mulher mais feliz do mundo, e também que sou mãe de um lindo garoto de quatro aninhos.
Eu diria o seguinte a alguém que esteja passando pelo mesmo problema por que eu passei: "Assuma o seu erro e não vá pela cabeça dos outros. Seja mulher bastante para assumir o erro. Afinal de contas a criança não tem culpa de nossos erros, e ser mãe é a coisa mais linda do mundo".
(Célia, agosto, 1988).

"Tenho 37 anos. Meu filho tem, agora, 5 anos.
Eu era telefonista, lá no Nordeste e essa a minha profissão. Vim para São Paulo sozinha, para melhorar de vida, e aqui encontrei, há treze anos, meu companheiro. Era separado da mulher.
Começamos a namorar, durante três anos. Depois ficamos juntos. Após estarmos juntos cinco anos, nasceu meu filho.
Em São Paulo, sempre fui empregada doméstica. Mas agora vou voltar pra minha terra, pois ele continua bebendo. E pena, pois ele é trabalhador, não é mulherengo. Mas bebe demais, e quando bebe fica muito agressivo, até já me bateu. Não aguento mais. Já me separei dele e vou voltar pra minha terra, com meu filho. Eu nem quis dar o nome dele no registro do menino. Assim ele não pode criar problemas".
(Maria, abril, 1988).

"Eu sou formada, sou professora, mas não exerço. Escrevo à máquina, sei costurar, sei czinhar o trivial e o requintado.
O nome dela? É Alessandra.
O rosto belo, bem cinzelado, segue feliz os movimentos calmos, suaves, da filha amada.
O senhor tem algum emprego?
Antes que eu possa dar a resposta, diz com firmeza: -Só quero emprego onde Alessandra fique comigo. Eu não consigo me separar de minha filha, nem confiá-la a qualquer um".
Leoa Brava, de amor total.
(A.H)
(Publicado em Mulher Libertação, 1985, nº 3, p. 62

MÃE SOLTEIRA

Em nossa sociedade a expressão "Mãe solteira", possui uma conotação pejorativa; indicando alguém, inconseqüente, leviano e sem respeito para com sua família e à sociedade.
A partir dai, deve-se distingüir os tipos de mães solteiras:

- a moça solteira que adota um ou vários filhos.
- a moça solteira que social e familiarmente bem ou mal integrada, pretende ter um filho sem assumir um casamento.
- a moça violentada.
- a namorada imprudente.
- a moça promíscua.
- a prostituta.

Todas essas mulheres têm em comum serem mães; terem a responsabilidade de como mãe atenderem a parte afetiva e emocional que o filho necessitar.
Essas quatro última também têm em comum, terem recusado o aborto, respeitando a vida de seu filho.

A MOÇA SOLTEIRA QUE ADOTA UM OU VÁRIOS FILHOS

Essas moças, renunciam ao casamento e a ter filhos; adotando uma ou várias crianças; buscando com isso preencher um vazio afetivo.
Devido a esse motivo, reside aqui o problema desse tipo de mãe. Por causa de seu motivo de preencher o vazio, isso torna-se egoísta e insuficiente para sustentar anos a fio os sacrifícios inerentes a uma tutela ou a uma adoção.
Essa mãe deve se preocupar, com a procedência da criança, saber se essa não foi roubada ou tirada indevidamente de seus pais. Deve haver a preocupação de iniciar a tutela e depos passar à adoção, para a mãe conhecer a criança, seus problemas, pois muitos se apresentam posterior ao nascimento; dando tempo para a mãe aceitar assim a criança como ela se apresenta.
Com o passar do tempo, essa mãe deve dizer ao filho que ele foi adotado e posteriormente se o filho quiser conhecer seus pais verdadeiros, ela deve facilitar essa procura, nunca devendo enganar o filho.

A MOÇA SOLTEIRA QUE QUER TER UM FILHO SEM SE CASAR

Normalmente esse tipo de mãe, aparece depois de casamentosmal sucedidos, criando assim, um terror por esse tipo de relação.
Evidente que toda criança para ser aceita, identificar e para se entrosar na vida social, necessita de um pai de uma mãe; apesar dessa mãe, impedir a si mesmo a presença masculina nessa relação.
Essa mulher que busca esse tipo de linha, normalmente é vista como egoísta e leviana; buscando no filho uma auto-afirmação.
Por outro lado, o fato de ter um filho, pode reeqüilibrar de vez essa mulher, supondo-se que tenha necessidade disso, reintegrando-a psicologiacamente ao c´rculo das "mulheres normais".

A MOÇA SOLTEIRA QUE FOI VIOLENTADA

Apesar de muitos casos não serem divulgados, essa é uma prática, que ocorre com muita freqüência; onde devido a gravidade desse tipo de caso, o Código Penal Brasileiro, prevê a legalidade de provocar o abôrto.
Dentro deste assunto ocorre freqüentemente num contexto de incesto; e ai a família muitas vezes esconde o fato, tentando evitar a desintegração total de seus membros.
Nestes casos o abôrto aparece como uma solução, mas também pode ser visto como mais uma violência sofrida pela mulher, tanto fisicamente como psicologiacamente; neste ponto referindo-se ao trauma que o abôrto pode gerar.

A NAMORADA IMPRUDENTE

Esse, sem dúvida, é o caso mais freqüente; as vezes por ignorância e até porque o namorado promete casamento "se deixa fazer" ou faz chantagem à infertilidade.
Nestes casos muitas vezes o namorado propõe o abôrto; e se a namorada não aceita, joga toda responsabilidade na mulher.
Neste caso a família é a primeira a pressionar, achando-se traída, rejeita, condena, censura e propõe o abôrto.
O casament muitas vezes surge como solução, a todos os problemas, mas ai os futuros pais nem sempre aceitam essa resolução.
Depois do nascimento da criançaa muitas vezes essa mãe consegue um relacionamento tão profundo e gratificante com o filho, que um outro relacionamento mais exterior com o pai da criança parece, se não totalmente inútil, pelo menos secundário.
Para esse tipo de caso pode-se concluir que o melhor seria que a moça ficasse co sua família, pelo menos até que a gravidez, seja perceptível, e depois do parto.

A MOÇA PROMÍSCUA

A palavra promíscua aqui, não denota o mesmo que prostituta; ela denota uma moça com uma vida sexual instável, com parceiros diversos; sem a preocupação de uma ligação mais profunda.
Essa moça quando engravida se sente lesada, se culpa e cai num profundo sentimento de auto-desvalorização.
A gravidez à vezes é a primeira coisa importante que ocorre à esta moça, podendo dar a ela a chance para organizar sua vida.
Muitas dessas mães pensam em abandonar o filho mas poucas mantém essa decisão; normalmente buscam auxílio numa das instituições do Amparo às Mães Solteira, sacrificando certas ações para se manterem junto ao filho.

A MOÇA PROSTITUTA

Muito comumente a mãe solteira ocorre antes de sua prostituição. Normalmente a moça tem um filho e sem condições e sem apoio, se prostitui como forma de sobrevivência.
Quando a prostituta engravida, na maior parte dos casos, faz o abôrto, para evitar uma complicação maior na sua vida.
SWe a prostituta resolve ter o filho normalmente o coloca com pessoas para tomar conta dele, visitando-o em finais de semana, sempre tentando esconder o seu trabalho.
Nos casos em que a mãe não consegue ou não tem condições de ter uma pessoa para cuidar do filho, este vive na rua e com o passar do tempo, trabalhando nos mesmos lugares que a mãe.

E OS PAIS SOLTEIROS?

Nestes casos os pais solteiros são em geral tirados de suas responsabilidades, jogando-as para a mulher.
Normalmente esse fogem ou desaparecem, não dando nenhum tipo de auxílio à mulher.
Esses homens se comportam levianamente, pensando somente em si e no seu futuro, não havendo um interesse pela mulher, nem pelo filho que nascerá.

A SOCIEDADE GLOBAL. AS IGREJAS E A MÃE SOLTEIRA

Ocorre nessa sociedade, com crescente aumento desses casos, a mulher conseguia pelo menos a aceitação, mesmo em muitos campos, ser impossível sua entrada.
A idéia do abôrto é condenada pela maioria apesar das dificuldades que essa mulher terá para criar a criança.
Nos casos de adoção essas mulheres são bem aceitas e apoiadas por familiares e amigos; apesar desses casos serem menos necessários esse apoio do que nos casos de gravidez sem pais.

O RESPONSÁVEL PELA GRAVIDEZ

Falarmos a respeito do responsável, não está ligado apenas ao da mãe solteira, mas sim de toda uma sociedade que permite certas liberdades e irresponsabilidades da parte do sexo masculino, pela falta de sanção aos seus atos.
Na maioria dos casos, o rapaz ao vê-la grávida a abandona, fugindo à sua responsabilidade de pai, alegando que o filho pode não ser dele, por não ter sido o primeiro a ter relação sexual com a moça. Sem contar que muitas vezes os rapazes são casados.
Sem querermos culpar apenas uma das partes pelo nascimento de crianças "sem pai" é preciso salientar que, se também a moça é responsável por esta situação, a sua culpa fica diminuída, pelos sofrimentos e lutas durante o período de gravidez.

O FILHO DA MÃE SOLTEIRA

A gravidez para uma moça solteira acarreta-lhe sempre sérios problemas, que em geral, lança mão de todos os meios para ocultar ou mesmo abortar.
Durante os primeiros meses de vida para esta criança é bastante penosa, pois a moça ainda não teve tempo suficiente para se adaptar à condição de mãe, corresponder quase sozinha pela falta de auxílio e orientação nesta difícil tarefa. O seu instinto materno ultrapassa os preconceitos e vemos então aquela moça indecisa em aceitar ou não o filho e que muitas vezes pensou em abortar, querer a criança junto a si disposta a vencer todos os obstáculos. Muito ao contrário do que se pensa a mãe solteira não quer dar seu filho para adoção.
Podemos citaar um caso de uma moça que ao saber que estava ghrávida, tinha medo de seus pais saberem e começou a usar uma cinta para esconder a barriga. Quando foi ter o seu filho, internou-se no Amparo Maternal, e pediu para não contar para a família. A família pensava que a moça estava com problemas de rins. Ao dar a luz, a moça teve alta e a criança teve que ficar no hospital.
A moça voltou para o Amparo para ver seu filho e descobriu que ele não iria sobreviver, isto porque ela usou cinta durante a gravidez toda. Podemos concluir o que não se faz pelo medo da família ao descobrir que estaria grávida. No hospital a assistente social falhou deixando escapar uma oportunidade quando a paciente citou o fato de usar cinta durante a gravidez e ter medo do abôrto. Poderia aqui ter perguntado à paciente se não lhe ocorreu que a criança viria a sofrer por ficar assim comprimida, podendo mesmo matá-la.

O PROBLEMA PROFISSIONAL

Este é um aspecto de grande relevância na situação da mãe solteira, sendo que para um ajustamento adequado da mãe na sociedade ela precisa de um amparo econômico em contraste com sua condição de mãe, onde a criança necessita de todo o tempo de atenção, cuidados e carinho.
Uma grande parcela de mães solteira, são mulheres que devido a sua situação social trabalham como domésticas, e neste caso fica difícil muitas vezes conciliar sua vida profissional com sua responsabilidade materna, pois em muitas casas onde a doméstica trabalha não é permitido a presença do filho.
Uma das soluções que esta mulher encontra está em casas onde a criança é aceita e a doméstica dorme e reside na casa onde trabalha. Outra solução é deixar o filho com parentes ou na creche, se o salário permitir.
Outro fator importante para o complexo problema profissional da mãe solteira, está na sua situação social, onde muitas mulheres emigram de outras regiões menos favorecidas para regiões onde as "oportunidades" profissionais são maiores, e vivem numa situação precária tanto para ela quanto mais para o seu filho. Outras mulheres são discriminadas por sua família e não recebem ajuda dos mesmos.
A situação escolar, o nível cultural destas mulheres também é deficiente, muitas são analfabetas, semi-alfabetizadas limitando ainda mais o seu campo para uma situação profissional mais vantajosa.

CONCLUSÃO

Os ítens apresentados na introdução ficam aquém da extensão e profundidade do problema abordado, pois acreditamos que a condição de mãe solteira se coloca em linhas gerais a margem de outros tantos problemas similares que têm origem na má organização de uma sociedade, onde o erro é mais de estrutura so que propriamente individual.

I - QUANTO AO SERVIÇO SOCIAL JUNTO ÀS MÃES SOLTEIRAS

Há uma carência relevante de pessoal especializado para o atendimento da mãe solteira. Geralmente quem dá atendimento a essas mulheres, são assistentes sociais ligadas a assistência à família e portanto não treinadas a contento, para a devida orientação.

II - QUANTO AO SERVIÇO SOCIAL À MÃE SOLTEIRA NA L.B.A.

As gestantes solteiras passam pelo serviço de várias agências antes de serem encaminhadas a L.B.A. Tal procedimento intimida e muito a futura mãe que a cad agência que chega, tem que narrar sua história. O ideal seria que essas mulheres fossem encaminhadas diretamente à Casa Maternal, para o devido tratamento e encaminhamento.
Grande número de pacientes não têm para ir depois de dar à luz e forçosamente entregam-se à vida da prostituição.
Apesar de já estar havendo uma preocupação com o problema da mãe solteira, este é ainda desconhecido na sua realidade, sendo muitas vezes mal compreendido.

ENTREVISTAS

DADOS PESSOAIS:

Nome: Vilânia
Idade: 22 anos
Profissão: Doméstica
Grau de escolaridade: 5ª série
Atividade que exerce atualmente: Trabalha em casa
Quantidade de filhos: 2 (casal - 3 anos/2 meses)
Renda familiar: salário mínimo.

1 - Com que idade teve a suaa primeira relação sexual?
12 anos
2 - Você utilizava algum cuidado para não engravidar? Qual?
Nenhum
3 - Qual foi a primeira pessoa que você procurou quando soube que estava grávida?
Mãe
4 - Como seus pais reagiram ao saber de sua gravidez?
Mãe apoiou e pai contra no início
5 - Que atitude seu parceiro teve ao saber de sua gravidez?
Não gostou, nem assumiu
6 - Onde você foi morar?
Com os pais
7 - Você chegou a pensar na hipótese de abortar?
Não, mas algumas amigas sugeriram
8 - Quais são suas expectativas de futuro?
Melhorar de vida e sair da favela
9 - Sua vida sexual mudou após a gravidez?
Sim

Nome: Ednéia
Idade: 21 anos
Profissão: Estampadora
Grau de escolaridade: 5ª série
Atividade que exerce atualmente: Estampadora
Quantidade de filhos: 1 (3 anos)
Renda familiar: 2 1/2 salários mínimos

1 - Com que idade teve a sua primeira relação sexual?
15 anos
2 - Você utilizava algum cuidado para não engravidar? Qual?
Nenhum
3 - Qual foi a primeira pessoa que você procurou quando soube que estava grávida?
Mãe
4 - Como seus pais reagiram ao saber de sua gravidez?
Pai fera e mãe com medo do pai
5 - Que atitude seu parceiro teve ao saber de sua gravidez?
Assumiu sem casamento
6 - Onde você foi morar?
Morou junto com o pai da criança
7 - Você chegou a pensar na hipótese de abortar?
Não, algumas amigas sugeriram o abôrto
8 - Quais são suas expectativas de futuro?
Abrir mão de um monte de coisas
9 - Sua vida sexual mudou após a gravidez?
Não (normal)

Nome: Antonia
Idade: 23 anos
Profissão: Nenhuma
Grau de escolaridade: 1º ano primário
Atividade que exerce atualmente: Cuida do filho
Quantidade de filhos: 1 (1 ano e 1 mês)
Renda familiar: 1 salário mínimo

1 - Com que idade teve a sua primeira relação sexual?
18 anos
2 - Você utilizava algum cuidado para não engravidar? Qual?
Nenhum
3 - Qual foi a primeira pessoa que você procurou quando soube que estava grávida?
Nossa Senhora de Aparecida (Santa) e o médico
4 - Como seus pais reagiram ao saber de sua gravidez?
Pai, não falou nada
5 - Que atitude seu parceiro teve ao saber de sua gravidez?
Atitude de cachorro, ele quis me bater, matar e que eu abortasse
6 - Onde você foi morar?
Com a irmã
7 - Você chegou a pensar na hipótese de abortar?
Não
8 - Quais são suas expectativas de futuro?
Ter uma casa própria para o filho
9 - Sua vida sexual mudou após a gravidez?
Não


Nome: Cintia
Idade: 15 anos
Profissão: Estudante
Grau de escolaridade: 5ª série
Atividade que exerce atualmente: . x .
Quantidade de filhos: 1
Renda familiar: Não sei

1 - Com que idade você teve a sua primeira relação sexual?
13 anos
2 - Você utilizava alguj cuidado para não engravidar? Qual?
Não
3 - Qual foi a primeira pessoa que você procurou quando soube que estava grávida?
Amiga
4 - Como seus pais reagiram ao saber de sua gravidez?
Pai chateado, mãe reagiu normal
5 - Que atitude seu parceiro teve ao saber de sua gravidez?
Feliz
6 - Onde você foi morar?
Com seus pais (pai da criança morou um tempo na casa da mãe dela)
7 - Você chegou a pensar na hipótese de abortar?
Não, mas minha mãe sugeriu
8 - Quais são suas expectativas de futuro?
Estudar, trabalhar, ser alguém
9 - Sua vida sexual mudou após a gravidez?
Mudou

Nome: Roselene
Idade: 28 anos
Profissão: Diarista
Grau de escolaridade: 3ª série ensino médio
Atividade que exerce atualmente: Diarista
Quantidade de filhos: 1 (4 anos)
Renda familiar: + ou - 4 salários mínimos

1 - Com que idade você teve a sua primeira relação sexual?
19 anos
2 - Você utilizava alguim cuidado para não engravidar? Qual?
Sim, pílula Perlotan
3 - Qual foi a primeira pessoa que você procurou quando soube que estava grávida?
Ninguém, médico (escondeu a gravidez até o 6º mês)
4 - Como seus pais reagiram ao saber de sua gravidez?
Quase apanhou e foi expulsa de casa
5 - Que atitude seu parceiro teve ao saber de sua gravidez?
Acusou-me de ter planejado a gravidez para agarrá-lo
6 - Onde você foi morar?
Santo Amaro, durante a gravidez trabalhando de empregada até a criança nascer
7 - Você chegou a pensar na hipótese de abortar?
Pensei e desconhecidos sugeriram
8 - Quais são suas expectativas de futuro?
Trabalhar em hospital
9 - Sua vida sexual mudou após a gravidez?
Sim


Nome: Silvia
Idade: 27 anos
Profissão: Promotora de vendas
Grau de escolaridade: 8ª série
Atividade que exerce atualmente: Promotora de vendas
Quantidade de filhos: 1
Renda familiar: 2 ou 3 salários mínimos

1 - Com que idade você teve a sua primeira relação sexual?
19 anos
2 - Você utilizava algum cuidado para não engravidar? Qual?
No início não, após a gravidez sim.
3 - Qual foi a primeira pessoa que você procurou quando soube que estava grávida?
Mãe
4 - Como seus pais reagiram ao saber de sua gravidez?
Naturalmente, pois ela era independente financeiramente
5 - Que atitude seu parceiro teve ao saber de sua gravidez?
Não soube
6 - Onde você foi morar?
Com minha mãe
7 - Você chegou a pensar na hipótese de abortar?
Não
8 - Quais são suas expectativas de futuro?
Encontrar um príncipe encantado
9 - Sua vida sexual mudou após a gravidez?
Não


Nome: Andréia
Idade: 20 anos
Profissão: Balconista
Grau de escolaridade: 7ª série
Atividade que exerce atualmente: Balconista
Quantidade de filhos: (2 anos e meio)
Renda familiar: 2 1/2 salários mínimos

1 - Com que idade você teve a sua primeira relação sexual?
17 anos
2 - Você utilizava algum cuidado para não engravidar? Qual?
Não
3 - Qual foi a primeira pessoa que você procurou quando soube que estava grávida?
Médico
4 - Como seus pais reagiram ao saber de sua gravidez?
Surpresos, com aceitação
5 - Que atitude seu parceiro teve ao saber de sua gravidez?
Gostou, pois eu ficaria nas "mãos" dele
6 - Onde você foi morar?
Casou com 5 meses e foi morar junto
7 - Você chegou a pensar na hipótese de abortar?
Pensei, mas não tive coragem
8 - Quais são suas expectativas de futuro?
Estudar, ter o próprio trabalho e sustentar o filho
9 - Sua vida sexual mudou após a gravidez?
Depois da separação sim


CONCLUSÃO DAS ENTREVISTAS

Apesar do crescimento econômico-social em que passa o Brasil, o número de casos de mães solteiras tem aumentado.
São mães que precisam trabalhar para seu sustento e o de seu rescém nascido filho.
Determinar a causa de tal fato chega ser quase impossível. Aí reunidos estão os fatores de hereditariedade e o meio, isolados ou combinados com o caráter da mãe.
A condição sócio-econômica dessa parte da população brasileira geralmente é baixa.
Veremos alguns aspéctos da mãe solteira que talvez tenha contribuído para essa sua posição perante a sociedade.

1 - Ambiente familiar: Na maioria dos casos a mãe solteira tem contatos insuficientes com o que se considera família. Ex.: geralmente provém de lares desfeitos, onde o pai é ausente, onde há os chamados padrastos, madrastas etc.
A falta de diálogo com os pais é apontado pelas próprias entrevistadas, como um fator gerador da sua condição de mãe solteira.

2 - Nível de instrução: Poucas são as que conseguem manter um curso escolar completo (algumas mal completam o curso primário), pois existe a necessidade de trabalhar para ajudarem na renda familiar.

3 - Profissão: Como a falta de escolaridade é comum, profissionalmente também as entrevistadas se mostram despreparadas.
Sobra-lhes a profissão de doméstica, que não requer alto grau de instrução nem especialização de mão de obra.
As entrevistadas informam-nos, que geralmente empregam-se em casa de família, pois há a necessidade de trabalharem para poder cooperar com a família que via de regra residem em outros Estados, ou no interior.
Encontram dificuldades para desempenhar até esta profissão, pois não receberam as instruções mínimas, ocorrendo assim uma espécie de peregrinação por diversas casas de família.

4 - A questão da liberdade sexual: É ainda mais complexa, pois não só as mães solteiras, mas a mulher em si já não consegue obter este tipo de liberdade.
Com toda onda de liberação feminina, a mulher é vítima de si mesma, com todos os seus tabus e preconceitos.
Ela já não tem a liberdade de ir à festas, bailes, cinemas etc., pois o pouco que ganham com seu trabalho é insuficiente para se darem a esse luxo.
Procuram assim lugares mais acessíveis onde talvez tenham encontrado o pai de seu filho.
A condição de mãe solteira difere da de prostituta, uma vez que essa recebe pelo trabalho, e dificilmente vão conceber.
Pode ocorrer que em virtude de ser mãe solteira, a condição de prostituta seja a próxima escolha, ou necessidade.
Falta de instrução quanto aos seus instintos sexuais contribuam para que o problema aumente.
Poucos sãao os casos de prevenção para a mãe solteira e poucos ainda são os casos de acompanhamento médico necessário.
Seria necessário um conhecimento profundo da paciente, para que se possa orientá-la da melhor maneira possível.
O que ocorre na verdade é que a maioria chega ao médico já em adiantado estado de gravidez, por medo ou vergonha, que a sua condição irá lhe imputar.

As entrevistadas dizem que se os fatores acima fossem outros, talvez não seria dessa forma que sua vida transcorresse.
A necessidade que se apresenta é a de ter alguém que oriente, compreenda, acredite nas possibilidades dessa mulher: pois já é uma mulher antes do tempo.
As vezes o fato de assistentes sociais se interessarem pelos casos (elas são pessoas estranhas), os familiares acabariam entendendo que também podem se interessar pelo bem estar da mãe solteira.
Devemos lembrar também que a mãe solteira imediatamente após o nascimento do bebê terá necessidade de trabalhar, é considerado mais uma dificuldade à ser ultrapassada.

Com quem deixará a criança?
Fica a pergunta

- Gravidez indesejada
- Falta de instrução
- Falta de conhecimento do próprio corpo (externo e interno)
- Péssimas condições afetivo-familiares
- Péssimas condições financeiras
- Medo ou vergonha

São fatores que em grau menor ou maior, isolados ou associados, levam à procura de saída, talvez as menos acertadas para diminuírem o deseqüilíbrio emocional em que se encontram as entrevistadas.

BIBLIOGRAFIA

LAGENEST, J.P.Barruel de. Mãe Solteira? E dai? Edições Paulinas, São Paulo, 1990.

RUBINSTEIN, Célia. Mãe Solteira - Um problema social. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola de Serviço Social de São Paulo.

Entrevista de Campo. Realizada pelo grupo, na Favela de Vila Regina. Outubro/1991.

DEFICIÊNCIAS FÍSICAS E MENTAIS

Refere-se a problemas ortopédicos ou neurológicos que afetam o uso do corpo. Em especial o sistema osteomuscular, incluindo a coluna vertebral, músculos, ossos e articulações, além disso estão incluídas as categorias de paralisia cerebral (PC) poliomielite, lesão medular, distrofia muscular e desvios posturais.

PRINCIPAIS CAUSAS

Congênitas: má formação do feto, pelo uso de medicação, fumo, droga etc.
Adqüiridas: tumores, traumas (acidente) e doenças que causam problemas circulatórios.

CLASSIFICAÇÃO TOPOGRÁFICA

Paraplegia: paralisia de ambas as pernas e parte inferior do tronco.
Monoplegia: atinge apenas um mebro.
Diplegia: envolvimento de ambas as pernas com leve envolvimento dos braços.
Hemiplegia: atinge os membros superiores e inferiores de mesmo lado do corpo.
Triplegia: atinge três membros com freqüência as duas pernas e um braço.
Tetraplegia ou Quadriplegia: atinge os quatro membros.

DEFICIÊNCIA MENTAL

Deficiência mental, ou retardamento mental, diz respeito à condição na qual a pessoa apresenta comportamento intelectual e adaptativo abaixo da média.

CLASSIFICAÇÃO QI CATEGORIA DEFICIÊNCIAS
Profundo 25 Residencial Total
Severo 25-39 Treinável Semi-dependente
Moderado 40-54 Treinável Semi-dependente
Leve 55-70 Educável Independente
Limítrofe 71-84 Educável Independente

QI: Quociente da inteligência.

INCIDÊNCIA POR NÍVEIS DE DIFICIÊNCIA MENTAL

Profunda: 1,5% Severa: 3,5% Moderada: 6% Leve: 89%

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MOTORAS DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA MENTAL

- falta de coordenação motora
- tempo de reação lento, problemas posturais no eqülíbrio
- lentidão para o desenvolvimento de habilidades motoras
- falta de resistência cardiovascular e respiratória
- baixa consistência espacial, temporal e corporal

SÍNDROMES

O PROJETO GENOMA HUMANO

Cientistas de diversos países do chamado Primeiro Mundo fazem parte de um arrojado programa estabelecido pelo governo norte-americano e destinado a mapear todos os genes dos 23 pares de cromossomos que compõem o cariótipo humano.
O grande objetivo da missão é detectar e localizar os genes causadores de doenças hereditárias, a fim de que, por meio da tecnologia do DNA recombinante, se tornarem possíveis à prevenção e à erradicação dessas doenças. O programa recebeu o nome de Projeto Genoma Humano e prevê que até o ano de 2005 sejam mapeados os cerca de 80 mil genes nos nossos cromossomos. E já são conhecidas cerca de 6 mil doenças genéticas que afetam a humanidade.

SÍNDROME DE DOWN (erroneamente chamada de mongolismo)

Caracteriza-se pela oligofrenia e manifestações externas bem caracterísicas, como fenda palpebral tipo mongol, epicanto (prega semilunar da pálpebra superior, sobre o ângulo interno do olho), macroglossia (língua grande, mal contida na boca), hipospádia (baixa implantação do canal da uretra), prega simiesca na palma da mão (não há o conhecido M da mão), além de alterações dos padrões normais de impressões digitais, palmares e plantares, que só os especialistas podem identificar, e ocasionais malformações cardíacas, estrabismo e eritema (vermelhidão) circunscrito das bochechas. O portador de down masculino é estéril o que não sucede com o sexo feminino. A doença é ligada a uma trissomia do cromossomo 21.
O risco de gerar um filho portador de down é variável de acordo com a idade da gestante.

IDADE MATERNA POSSIBILIDADE DE DOWN
menos de 29 anos 1 em 3.000
30-34 1 em 600
35-39 1 em 280
40-44 1 em 70
45-49 1 em 30


SÍNDROME DE KLINEFELTER

É uma cromossomapatia ligada à trissomia do cromossomo 23, isto é, dos heterocromossomos (cromossomos sexuais).
O tipo mais comum se caracteriza pelo cariótipo 47, XXY. Com efeito, já se identificaram outros portadores dessa síndroma com cariótipos mais complexos, como XXXY, XXXYY, XXYY etc.
O paciente revela biotipo leptossômico (magro e alto), freqüentemente algum retardo mental, testículos pequenos e ginecomastia (presença de mamas em homem).
O exame microscópico de suas células demonstra a presença de corpúsculos de Barr (uma característica de células femininas).
A anomalia tem uma freqüência de 1:400 rescém nascidos do sexo masculino.
Quase sempre, ocorre a esterilidade do paciente por malformações dos genitais internos (disgenesia dos canais seminíferos).

SÍNDROME DE TURNER

A síndrome de Turner se justifica por uma monossomia do cromossomo X, isto é, as células somáticas da pessoa possuem 45 cromossomos em vez de 46.
Nessa circunstância, os pares cromossômicos de 1 a 22 estão normais, porém há somente um heterocromossomo, que é do tipo X.
O cariótipo fica, então, 45,X (numa mulher normal, o cariótipo seria 46,XX e num homem seria 46,XY).
Há portanto, monossomia do cromossomo 23. Nessa anomalia, os afetados exibem sexo feminino, mas o exame citológico revela a ausência de cromatina sexual (corpúsculo de Barr).
Ocorre na freqüência de 1:4.000 mulheres normais.


SÍNDROME DE LAURENCE-MOON-BIEDL

Manifestação hereditária bastante rara (freqüência abaixo de 1:160.000), presidida pela ação de gene autossômico recessivo, caracterizada por uma síndroma bem variável, na qual são mais comuns a obesidade, o hipogenitalismo (pouco desenvolvimento dos órgãos sexuais), deficiência progressiva da visão e nítido déficit mental.
Podem ocorrer, também, polidactilia (presença de dedos a mais tanto noe membros superiores quanto inferiores), anomalias cardíacas etc.


SÍNDROME DE MARFAN

Outro quadro clínico de fundo genético dependente de gene autossômico, neste caso dominante.
A freqüência é de aproximadamente 1:68.000 nascimentos.
O doente revela, durante a infância, crescimento exagerado (excesso estrutural), anomalias oculares, defeitos cardíacos e, notavelmente, aracnodactilia (dedos longos, cuja imagem radiológica mostra uma estrutura óssea esponjosa, lembrando a teia de aranha).


SÍNDROME XXX (do triplo X)

É uma variante da síndroma de Turner com a agravante de um estado de maior debilidade mental.
Tentou-se, em certa época, lançar-se a denomiñação de síndrome da superfêmea, o que não se firmou pela impropriedade da qualificação.
Ocorre na proporção de 1:7000 nascimentos.


SÍNDROME XYY (do duplo ípsilon)

Esta é outra cromossomopatia que tem sido bastante estudada nos últimos tempos.
Ocorre com freqüência de 1:600 nascimentos.
Seus portadores são homens aparentemente normais, raramente com algum déficit mental.
Entretanto, pesquisas feitas em penitenciárias norte-americanas vieram revelar que grande parte dos presos de alta periculosidade são portadores de cariótipos com essa aneuploidia (47,XYY).


SÍNDROME DE EDWARDS

É também chamada síndroma de trissomia 18, pois ocorre como conseqüência de uma trissomia dos cromossomos do grupo E, na classificação de Denver.
Tal como na síndrome de Down, a freqüência dessa anomalia está associada à idade materna, pois mais da metade dos casos catalogados está representado por crianças nascidas de mulheres com mais de 40 anos de idade.


SÍNDROME DE PATAU

A síndrome de Patau é também conhecida como síndrome de trissomia 13, porque é exatamente o cromossomo nº 13 que se encontra em triplicata.
Na síndrome de Patau, a cabeça é pequena (microcefalia), os olhos, que podem ser pequenos ou até ausentes, quando presentes estão acentuadamente afastados um do outro, as orelhas são deformadas e baixamente implantadas, o pescoço é curto.
Sua incidência é de 1:5.000 nativivos. O cariótipo é 47,XX ou XY + 13.


SÍNDROME DO CHORO-DE-GATO

Também chamada síndrome do cri-du-chat ou miado-de-gato, esta síndrome é ligada a uma aberração cromossômica e não a uma aneuploidia.
Trata-se de uma deleção (ausência) do braço curto do cromossomo nº 5.
A criança afetada tem um choro que lembra miado de gato.


DEFICIENTE NA FAMÍLIA


O problema da família com uma criança com retardo mental, cega, surda, deficiente ortopédica ou epiléptica é um exemplo de experiência universal. A maneira como a família enfrenta a decepção é um trauma inesperado.
As crises familiares, a ambição frustrada e elevados níveis de tensão constituem experiências comum à maioria das famílias.
A família é um pequeno sistema social independente que contém subsistemas.
O que quer que aconteça a um membro da família reflete-se no sistema como um todo.
Na ocorrência de problemas mentais ou físicos ocorre um sentimento de culpa por parte da mãe, muitas vezes acreditando ser um castigo de deus.
Quando a mãe recebe a notícia da deficiência de seu filho, entra em um estado de choque assim como o pai. No início juntam-se as forças da família para enfrentar a situação, mas no decorrer do tempo, torna-se uma situação desgastante porque todas as atenções voltam-se ao deficiente.
A relação marido-mulher é a mais afetada sexualmente e socialmente muitas vezes com resultados de separação. Muitas vezes a família é negligenciada bem como as obrigações matrimoniais em prol da criança portadora de alguma necessidade especial.


PADRÕES DE REAÇÃO PARENTAL AO FILHO PORTADOR DE NECESSIDADE ESPECIAL

As reações mais comuns ao advento de uma criança portadora de necessidade especial numa família, resulta geralmente numa negação da realidade da deficiência, a auto comiseração, a ambivalência em relação à criança ou a rejeição dela.
A presença de uma criança portadora de necessidade especial constitui uma tensão adicional.
Uma das fontes de conflito está em que a presença de uma criança deficiente na família, restringe certos componentes do ciclo familiar. A criança pode ocupar permanentemente a posição social de caçula da família pois será sempre dependente.
Muitas pessoas enfrentam realisticamente os problemas da criança deficiente encarando as decisões iniciais e as tensões adicionais de maneira bem integrada.

NEGAÇÃO DA INCAPACIDADE DA CRIANÇA PORTADORA DE NECESSIDADE ESPECIAL

A maioria dos pais nega a evidência da inadeqüação do filho excepcional. A esperança parental de que o filho ultrapasse suas próprias realizações contribui para essa reação.
Muitos pais jamais progridem além do estágio de aceitação parcial. Podem aceitar o diagnóstico, mas rejeitam suas implicações prognósticas.

SENTIMENTOS AMBIVALENTES EM RELAÇÃO AO FILHO

A restrição das atividades, as responsabilidades adicionais, os pequenos desapontamentos da maternidade ou paternidade, as ansiedades e irritações que são partes normais da ge~stação e criação dos filhos, produzem reações parentais ambivalentes.
Os pais aceitam e amam, mas também rejeitam e desgostam de seus filhos. É inevitável que componentes negativos dessa ambivalência se acentue quando um filho é deficiente.
Essas variações negativas variam desde o desejo consciente e declarado de que a criança morra ou de que jamais houvesse nascido.
Os sentimentos ambivalentes dão lugar às reações de culpa, que resultam freqüentemente na superproteção, na super slicitude e numa vida parental de martírio. Uma tentativa de negar ou compensar os sentimentos hostis dos quais a pessoa se envergonha.

PROJEÇÃO

A ansiedade referente a culpa pessoal ou a sentimentos inaceitáveis de ressentimentos e hostilidade pode ser diminuída, responsabilizando-se uma outra pessoa. Esse ressentimento pode ser direcionado para outros filhos ou cônjuge, o médico etc.

CULPA, VERGONHA E DEPRESSÃO

A vergonha refere-se a reação sobre o que irão pensar e dizer as outras pessoas ao passo que a culpa refere-se aos sentimentos individuais de auto reprovação ou auto condenação.
A vergonha é mais direcionada no sentido das outras pessoas, a culpa mais auto dirigida.
A expectativa da ridicularização ou da crítica de outrém, enquanto a culpa envolve a auto responsabilização, remorso pessoal e um sentimento pessoal diminuído.
Os sentimentos de culpaa, de auto responsabilização, com a ansiedade e auto conceito rebaixado que os acompanham, resultam na depressão.


ACONSELHAMENTO PARENTAL

As metas de aconselhamento parental são de natureza intelectual, emocional e comportamental.
Os pais precisam de informações acerca de natureza e extensão da excepcionalidade da criança - informações diagnósticas - informações sobre a causa provável da deficiência de seu filho. Devem ser informados sobre o que o futuro pode reservar para a criança deficiente.

ACONSELHAMENTO EM GRUPO

O grupo de apoio aos pais, as experiências compartilhadas e os sentimentos comuns, parecem reduzir o fardo emocional individual na discussão em grupo.
A culpa, a vergonha, a auto comiseração diminuem quando um pai descobre que outros partilham de seus problemas.


OS DIFERENTES TIPOS DE APRENDIZAGEM

Sistema de Ensino

Atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais
preferencialmente na rede de ensino art.4 inciso III da Lei 9394/96.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

DISFUNÇÕES SEXUAIS MASCULINAS

DISFUNÇÕES SEXUAIS MASCULINAS
************* ******** ****




**********************
* Trabalho de aproveitamento
* do curso de Psicologia do
* Programa de Psicologia com-
* portamental da Universidade
* Paulista.
**********************

São Paulo - 1992



Componentes 4 P5:

Andreia Gamez
21.207 Edneia Salviano da Silva Santos
18.741 Eduardo M. Lopes
21.417 Francisco Roberto de Oliveira
18.755 Maria Célia Matos
22.957 Sérgio Ricardo de Campos
20.716 Silvia Ferreira da Silva
20.309 Valter Maranezi
19.726 Viviani Badan Caparroz
16.132 Wilton Lima Pedroso




"As vezes, o homem está adormecido
e ele está desperto.
Muitas vezes o homem está desperto
e ele adormecido.
Aquele que mexe com a inteligência humana
tem, ele mesmo
uma inteligência própria;
embora a vontade do homem
deseje estimulá-lo,
ele permanece obstinado
e segue sua própria via,
e se move sozinho, sem autorização
e sem que nele se pense...
Muitas vezes, desejaria o homem
que ele entrasse em ação
e ele não o deseja;
Outras vezes, ele o deseja
e o homem o proíbe.
Ocorre que o homem
incide em erro
ao ter vergonha
de lhe conferir um nome...
E ele deveria ser exposto
com solenidade,
como um celebrante". (Leonardo da Vinci)

INTRODUÇÃO

1- UM BREVE RELATO SOBRE A FISIOLOGIA SEXUAL MASCULINA
1.1 - O ÓRGÃO SEXUAL MASCULINO
1.2 - AS ORIGENS DA EXCITAÇÃO SEXUAL
1.3 - EXCITAÇÃO, PALTÔ, ORGASMO E RESOLUÇÃO (EPOR)
a) EXCITAÇÃO
b) PLATÔ
c) ORGASMO
d) RESOLUÇÃO

2- DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES SEXUAIS MASCULINAS
2.1 - DISFUNÇÃO ERETIL OU IMPOTÊNCIA
2.1.1 - AS DIFERENTES FORMAS DE DISFUNÇÃO ERETIL
2.2 - EJACULAÇÃO PRECOCE OU PREMATURA
2.3 - EJACULAÇÃO RETARDADA

3- CAUSAS DA DISFUNÇÃO SEXUAL
3.1 - CAUSAS ORGÂNICAS
3.1.1 - INTERFERÊNCIAS DE DROGAS
3.2 - CAUSAS PSICOSSOCIAIS
3.2.1 - CAUSAS CONJUGAIS DE DISFUNÇÕES SEXUAIS
a) A REJEIÇÃO
b) A DISCÓRDIA
c) A FALTA DE CONFIANÇA
d) A LUTA PELO PODER
e) DECEPÇÕES CONTRATUAIS
f) SABOTAGEMSEXUAL
g) DIFICULDADES NA COMUNICAÇÃO

4- O PONTO DE VISTA PSICANALÍTICO X O PONTO DE VISTA BEHAVIORISTA

5- TERAPIA SEXUAL
5.1 - ALGUNS TIPOS DE TRATAMENTO

6- METODOLOGIA

7- RESULTADOS
7.1 - GRÁFICO

8- DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

9- ANEXOS (REPORTAGENS)

BIBLIOGRAFIA


INTRODUÇÃO

O presente trabalho nos remete a um tema que é pouco comentado entre as pessoas. Talvez por ele estar intimamente ligado a um tabú que, apesar das evoluções que o mundo vem sofrendo, ainda não foi totalmente derrubado - o sexo; deixando as pessoas pouco à vontade. O fato do pênis ser considerado por muitas pessoas, principalmente pelos homens, símbolo da masculinidade, também é outro ítem que leva as pessoas a evitar este assunto.
Pretendemos, através deste trabalho, comentar alguns aaspectos a respeito deste tema - Disfunções Sexuais Masculinas. Este não se propõe a dar um enfoque ao tratamento das disfunções sexuais masculinas, mas sim, o que são estas disfunções, quais suas possíveis causas, como são compreendidas e elaboradas pelas pessoas, em especial pelos homens, e de que forma elas interferem no comportament do indivíduo e em seu relacionamento com o outro. Para tanto, utilizamos a pesquisa de campo - Profissionais (médicos e psicólogos) e homens de nível universitário a partir de 20 (vinte) anos, a fim de verificarmos se há uma visão liberal ou conservadora em relação a sexualidade masculina no que diz respeito às disfunções sexuais masculinas.

1- UM BREVE RELATO SOBRE A FISIOLOGIA SEXUAL MASCULINA

A resposta sexual masculina recebe dados de nossos sentimentos e pensamentos, aprendizado e linguagem, valores pessoais e culturais e de muitas outras fontes que combinam com nossos reflexos biológicos de forma a criar uma experiência abrangente.

1.1 - O ÓRGÃO SEXUAL MASCULINO

O órgão sexual masculino é formado por um tecido erétil e esponjoso. Na estrutura tubular inferior está a uretra, canal que transporta a urina e o esperma. No final desse membro fica a glande (ou cabeça do pênis), a parte mais sensível a estímulos (de dor ou prazer), naturalmente recoberta por uma pele conhecida como prepúcio. Finalmente sob o pênis está o escroto com os dois testículos.
O tecido esponjoso está em geral vazio, mas durante a ereção ele se enche de sangue, ficando duro e de consistência parecida com um osso. A entrada de grande quantidade de sangue para o pênis depende de fatores orgânicos e psicológicos muito complicados, mas o fato é que, em estado de excitação, há mudanças na espessura das artérias e veias da região.
O fluxo sangüíneo determina a passagem do estado flácido ao rígido em questão de segundos. Nesse momento, que normalmente culmina em uma ejaculação, são desencadeados dois fenômenos: o da procriação - com milhões de espermatozóides bombardeados dentro do aparelho genital feminino - e o do orgasmo.

1.2 - AS ORIGENS DA EXCITAÇÃO

Quando se fala sobre excitação, utiliza-se muitas vezes a palavra 'tesão'. Esse termo está ligado à noção de força e, portanto, de um sistema energético. Do ponto de vista científico, a excitação sexual pode ser definida como um estado de ativação de um complexo sistema de reflexos que compreendem os órgãos sexuais e o sistema nervoso.
As origens da excitação sexual variam. O processo de excitação pode ser provocado pelo contato físico direto, tal como um toque ou um beijo, u pode ser ativado por um convite verbal, uma mensagem não verbal, ou por estímulo visual. Pode também surgir de fantasias ou dos mais corriqueiros acontecimentos - roupa roçando a genitália, o rítmo de um veículo em movimento, ou tomar banho. A excitação sexual ocorre em todas as faixas etárias, das crianças aos idosos, e ocorre quer estejamos dormindo ou acordados. Os homens têm cerca de meia dúzia de ereções durante uma noite de sono (essas ereções comumente duram cerca de cinco a dez minutos). Essas reações reflexas ocorrem automaticamente, involuntariamente e não são controladas pelo conteúdo específico dos sonhos.

1.3 - EXCITAÇÃO, PLATÔ, ORGASMO E RESOLUÇÃO (PLATÔ)

As reações sexuais humanas podem ser descritas como um ciclo de quatro fases: excitação, platô, orgasmo e resolução (ou relaxamento). Esses estágios correspondem a vários níveis de excitação sexual e descrevem as reações típicas que as pessoas apresentam durante a função sexual. Essas fases nem sempre são distintamente separadas uma das outras e podem variar muito na mesma pessoa, em momentos diversos, como entre pessoas diferentes.
Na resposta sexual humana existem duas reações fisiológicas básicas. A primeira é a vasocongestão, que se refere a um aumento de quantidade de sangue concentrado nos tecidos da área genital. A segunda refere-se a um aumento da tensão neuromuscular (acúmulo de energia nos nervos e nos músculos), ou miotonia. A miotonia em resposta à excitação sexual tem lugar em todo o corpo, não apenas na região genital.

a) EXCITAÇÃO

A excitação é o resultado do estímulo sexual que pode ser físico, psicológico ou uma combinação de ambos.
O mais aparente sinal físico de excitação sexual nos homens é a ereção do pênis, que geralmente ocorre poucos segundos após o início da estimulação sexual. É possível que um homem fique física e ou psicologicamente excitado sem ter uma ereção firme, particularmente por condições de ansiedade ou cansaço.

b) PLATÔ

Na fase de excitação há um acentuado aumento na tensão sexual acima do nível da linha básica (ausência de estímulo). Na fase de platô são mantidos e intensificados altos níveis de excitação sexual, preparando o momento para o orgasmo. A duração dessa fase tem grande variação. Para homens que têm dificuldades de controlar a ejaculação, essa fase pode ser excepcionalmente rápida.
Além da sensação de pressão interna e calor (vasocongestão), durante a fase de platô, os homens, assim como as mulheres, experimentam várias outras alterações corporais, tais como o aumento da freqüência cardíaca, aumento da freqüência respiratória e o aumento da pressãao sangüínea.

c) ORGASMO

A persistência de uma estimulação sexual durante o período posterior da fase do platô, fará com que o corpo descarregue, rapidamente, a tensão sexuaal acumulada, através de um ponto máximo de excitação denominado orgasmo.
Segundo a visão biológica, o orgasmo é a fase mais curta do ciclo de resposta sexual, que geralmente dura apenas alguns segundos, durante os quais contrações musculares ritmadas produzem sensações físicas intensas seguidas por um período de rápido relaxamento. Segundo a visão psicológica, o orgasmo é geralmente um momento de prazer e suspensão dos pensamentos - a mente se volta para dentro a fim de usufruir essa experiência pessoal.
Os fatores físicos, como o cansaço, assim como os vários fatores psicossociais, inclusive o estado de espírito, relação com o parceiro, atividades, expectativas e sentimentos em relação à experiência são responsáveis pelas diversas intensidades do orgasmo.
O orgasmo e a ejaculação masculina não são um único e mesmo processo, embora na maioria dos homens os dois ocorram simultaneamente.
O orgasmo refere-se às contrações musculares rítmicas da região pélvica e de outras partes do corpo que aliviam a tensão sexual acumulada e às sensações mentais que acompanham essa experiência.
A ejaculação refere-se a expulsão do sêmen, que pode ocasionalmente ocorrer sem a presença do orgasmo.

d) RESOLUÇÃO (RELAXAMENTO)

Logo após a ejaculação, o homem passa por um período refratário, um momento de recuperação durante o qual outro orgasmo ou ejaculação é fisiologicamente impossível. Durante esse período pode ser mantida uma ereção parcial ou completa, mas em geral a ereção desaparece logo.
O período refretário apresenta uma grande variedade, quanto sua duração, tanto no indivíduo como entre indivíduos. Portanto, este período pode durar desde alguns minutos até várias horas. Mas para a maioria dos homens esse período fica maior a cada ejaculação, dentro de um período de tempo de várias horas.
O período de retorno ao estado de ausência de estimulação é denominado fase de resolução ou relaxamento. Nessa fase que, nos homens, inclui o período refratário, há uma reversão das alterações anatômicas e fisiológicas, que ocorrem durante a excitação e o platô. Na fase de resolução ou relaxamento a excitação sexual desaparece, a respiração acelera e o aumento da freqüência cardíaca cedem aos poucos, à medida que todo corpo relaxa.

2- DESCRIÇÃO DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS MASCULINAS

Muitos homens acreditam que a adequação sexual seja referencial para medir a adequação pessoal. A 'incapacidade' sexual no homem torna-o muitas vezes, envergonhado, confuso ou deprimido, pois ele incorpora isso a um reflexo precário de sua masculinidade. A disfunção sexual pode mudar o seu comportamento fazendo com que ele evite situações sexuais por medo de seu fracasso inventando desculpas, como por exemplo, colocando a cupa na parceira pela sua disfunção ou pode tentar superar o problema 'trabalhando' o sexo de modo persistente, o que, geralmente, faz a situação piorar.
Segundo Masters e Johnson, a expressão disfunção sexual só pode ser aplicada à situações nas quais os aspectos fisiológicos da reação sexual estão alterados, ou seja, quando as condições nas quais as reações físicas comuns da função sexual ficam debilitadas.
Para Helen Kaplan, a reação sexual humana é melhor vista como trifásica, isto é, consiste em três fases separadas, mas interligadas: o desejo, a excitação e o orgasmo. Nos distúrbios da fase de desejo (inibição do desejo sexual), encontramos duas variações básicas: (1) falta de interesse, ou diminuição de interesse, no sexo, quando um ou outro parceiro carece de impulso para procuraar ou iniciar a atividade sexual com seu parceiro, mas, uma vez iniciada, a pessoa desinteressada participa e funciona; e (2) aversão, quando um parceiro manifesta repusa por toda a atividade sexual. Kaplan acredita que os distúrbios da fase do desejo são os mais difíceis de serem tratados por que, em geral, estão associados a problemas psicológicos profundos. Uma das suas teorias básicas é a de que um distúrbio sexual, geralmente, resulta de vários níveis de causas - umas, mais imediatas e acessíveis, outras mais remotas e ocultas.

2.1- DISFUNÇÃO ERÉTIL OU IMPOTÊNCIA

É a incapacidade de conseguir ou manter uma ereção suficientemente firme para o coito. Ela pode ser classificada em dois tipos básicos:
- Disfunção erétil primária: o homem é absolutamente incapaz de ter relação sexual, ou seja, jamais conseguiu uma ereão que permitisse o coito;
- Disfunção erétil secundária: o homem pode já ter conseguido a ereção uma, duas, milhares de vezes, antes de começar sua disfunção. Este tipo de disfunção é cerca de dez vezes mais comum do que a disfunção erétil primária.
Segundo Kaplan, a disfunção erétil (primária e secundária) corresponde aos distúrbios da fase de excitação (excitação sexual inibida).

2.1.1 - AS DIFERENTES FORMAS DE DISFUNÇÃO ERÉTIL

É importante salientar que a disfunção erétil pode ocorrer em qualquer idade e assumir formas diferentes. A freqüência da ausência total de ereção é muito baixa, ocorrendoo apenas em certos estados clínicos. O que é mais frequente é o homem com disfunção erétil ter ereções parciais fracas demais para o coito. As vezes, há ereções firmes que desaparecem rapidamente quando se tenta ter relações. Pode ocorrer também que o homem tenha ereções normais sob certas circunstâncias e em outras não, como por exemplo, ele pode se sair muito bem durante a masturbação, mas não consegue ter ereções durante o ato sexual com sua parceira. Outros conseguem ter ereções firmas em relações extraconjugais mas têm fracas ereções om suaas esposas, sendo o oposto disto algo também comum.
Pelo fato de ser comum entre a maioria dos homens, ocorrer episódios isolados de não conseguir ereções, Masters e Johnson, classificaram um homem como secundariamente impotente, só se seus problemas de ereção ocorrerem em pelo menos 25% dos seus encontros sexuais. Tais episódios isolados não significam que um homem tenha uma disfunção sexual; eles podem retratar um tipo de doença física temporária (estar resfriado ou cansado), por ter exagerado na comida ou na bebida, ou estarem relacionados com outros problemas, como a tensão, falta de intimidade ou de adaptação com o novo parceiro. Se um homem se preocupar demasiadamente com esses incidentes poderá estar proporcionando condições para que ocorram dificuldades em situações sexuais posteriores.
O medo do desempenho sexual pode diminuir a excitação sexual e causar a perda da ereção. A longo prazo, esse medo pode levar à diminuição de interesse por sexo, a perda da auto-estima e a tentativa de controlar a ansiedade.
A parceira do homem com disfunção erétil pode se culpar por não ser muito atraente, ou por não conseguir despertar o seu desejo. Da mesma forma, ela pode culpar o homem, acusando-o de ter casos extraconjugais, de ser homossexual e de não amá-la, como justificativa para a disfunção erétil.

2.2 - EJACULAÇÃO PRECOCE OU PREMATURA

É uma disfunção sexual comum, porém difícil de se definir de modo preciso.
Helen Kaplan afirma que a ejaculação precoce ocorre se o homem não tem controle voluntário sobre quando ejaculou. O indivíduo é incapaz de conviver com altos níveis de excitação sexual, levando-o a ejacular rapidamente. Segundo Kaplan, essa disfunção corresponde aos distúrbios da fase orgásmica.
Embora existam alguns homens que sempre ejaculam, sem querer, durante as brincadeiras sexuais não coitais, ou enquanto tenta penetrar na parceira, isso só acontece em menos de 10% dos casos. Mais comumente, o ejaculador precoce é capaz de participar de vparias atividades sexuais e só perde o controle ejaculatório logo que começa as relações sexuais. A ejaculação precoce pode ocorrer em determinadas situações e em outras não, por exemplo, o homem só pode ter problema apenas durante uma relação extraconjugal.
Enquanto alguns homens não se preocupam em ejacular rápido demais, muitos outros questionam a sua masculinidade e têm pouca auto-estima.
Em muitos casos o medo do desempenho parece aumentar a falta de controle ejaculatório podendo levar o indivíduo à uma disfunção erétil.
Alguns homens não consideram a ejaculação precoce como um problema realmente grande para justificar a procura por ajuda. Esses homens, geralmente tentam resolver o problema usando um contraceptivo para diminuir as sensações genitais, outros descobrem que um ou dois copos de bebida alcoólica pode diminuir a rapidez ejaculatória.

2.3 - EJACULAÇÃO RETARDADA

Ela pode ser definida como a inibição específica no reflexo ejaculatório. É uma condição em que um indivíduo é incapaz de ejacular. Segundo Kaplan, esta disfunção também corresponde aos distúrbios da fase orgásmica.
Embora esse tipo de disfunçãoo sexual possa ser, para alguns indivíduos, uma fonte de prazer sexual, as vezes, os longos períodos de penetração coital necessários para produzirem a ejaculação, são física e psicologicamente desconfortáveis para a mulher.

3 - CAUSAS DA DISFUNÇÃO SEXUAL

As causas da disfunção sexual, geralmente, são classificadas como orgânicas (fatores físicos ou clínicos, como doença, ferimentos ou efeitos de remédios) ou psicossociais (inclusive fatores psicológicos, interpessoais, ambientais e culturais). A identificação exata da causa da disfunção de uma determinada pessoa nem sempre é possível, podendo haver casos em que exista uma combinaação de fatores diferentes.

3. - CAUSAS ORGÂNICAS

A disfunção erétil pode ser causada por muitas condições clínicas. O diabetes (estado em que o corpo regula o açúcar no sangue de maneira inadequada), o alcoolismo e o fumo são as três causas mais importantes da disfunção erétil. Outras causas orgânicas desta disfunção incluem danos na coluna vertebral, esclerose múltipla ou outros distúrbios neurológicos; infecções ou ferimentos no pênis, nos testículos; deficiências hormonais e problemas circulatórios. Alguns remédios também podem causar problemas de ereção, como por exemplo, os remédios para a alta pressão sangüínea, os antidepressivos (as anfetaminas), os calmantes (barbitúricos) e os narcóticos. Segundo estudos, metade dos casos de disfunção erétil pode ter origem orgânica.
A ejaculação precoce raramente é causada por fatores orgânicos. Dos 500 casos examinados pelo Instituto Masters e Johnson, apenas um caso era devido a causa orgânica.

3.1.1 - INTERFERÊNCIA DE DROGAS

As drogas diferem porque podem agir discretamente, afetando apenas a resposta sexual, ou causar uma condição tóxica geral, que se faz acompanhar de algumas mudanças na sexualidade.
- Afrodisíacos: muitos remédios impropriamente chamados afrodisíacos, farmacologicamente não produzem nenhuma ação. Infelizmente, os efeitos de muitas drogas que atuam sobre os centros nervosos são antes inibitórios que afrodisíacos.
- Álcool: é um depressor geral do cérebro. Não deprime o cérebro todo por igual e simultaneamente, mas produz uma seqüência específica de efeitos. Em doses altas, o álcool deprine rapidamente o comportamento geral da pessoa, inclusive a resposta sexual. "A bebida provoca o desejo, mas impede a sua realização". O alcoolismo crônico ou mesmo o seu uso habitual excessivoo quase sempre prejudica seriamente a resposta sexual de ambos os sexos, porém mais especificamente a do homem.
- Fumo: a nicotina arruína os mecanismos de lançamento e de manutenção da ereção. É no decurso da vida do fumante que o envenenamento da rede arterial acontece e só após 15 ou 20 anos de tabagismo é que as lesões se manifestam. Os fumantes lesam precocemente suas artérias sexuais; a nicotina entrava o mecanismo de ereção.
- Barbitúricos: têm efeitos similares sobre o comportamento e o sexo; não têm efeitos específicos sobre os centros do sexo, mas pequenas doses podem liberar temporariamente a inibição no comportamento sexual, enquanto doses maiores de sedativo deprimem o comportamento por completo, inclusive o sexual.
- Alucinógenos: freqüentemente empegados em busca de afrodisia, podem afetar sexualmente sobre o sistema nervoso central. A tentava de relação sexual no estado de intoxicação em geral não é experimentada como intensamente erótica; o orgasmo tende a ser uma experiência menos profunda e mas prolongada.
- Anfetaminas: são estimulantes do cérebro. Vários estudos sugerem, entretanto, que aqueles que fazem uso crônico de anfetamina experimentam uma diminuição no interesse e na capacidade sexual.
- Narcóticos: Além de quase sempre deprimirem o sistema nervoso central especificamente a força do sexo. Uma pessoa sob altas doses de heroína se abstém de sexo, pois se tentar praticá-lo (o coito) experimentará dificuldades eréteis.

As drogas podem, no geral, afetar a resposta ejaculatória e erétil.

3.2 - CAUSAS PSICOSSOCIAIS

Apesar da dificuldade de entender claramente como os fatores psicossociais "causam" a disfunção sexual (muitas pessoas cujo passado está marcado por acontecimentos psicossociais potencialmente destruidores possuem uma função sexual totalmente normal, enquanto que outras com passado normal apresentam disfunção sexual), pode-se identificar alguns fatores psicossociais que são comumente tidos como origens da disfunção sexual:

- Fatores que sofrem evolução; como os relacionamentos conflitantes entre pais e filhos, atitudes negativas em relação ao sexo, infância traumática ou experiências sexuais negativas na adolescência e conflitos de identidade quanto ao próprio sexo.

- Uma primeira experiência coital traumatizante, dolorosa tanto física quanto psicologiacamente. Tal experiência pode gerar medo dos encontros sexuais, induzir à abstenção ou gerar um grande sentimento de culpa.

- Passado religioso rígido durante a infância. Não são as crenças religiosas que causam problemas, mas as atitudes antisexuais austeras impostas à criana. Esse fator é comum em certas disfunções (impotência primária masculina).

- Fatores pessoais como temor plo desempenho sexual, tipos de ansiedade, inclusive o medo da doença venérea, da rejeição, da perda de controle, da dor, da intimidade. Os sentimentos de culpa, depressão, baixa auto-estima, também estão associados às disfunções sexuais. No entanto, as vezes, é difícil ver o que vem primeiro, se o sentimento ou a disfunção, por isso, ao se identificar esse sentimento nem sempre significa que seja a causa da disfunção. A falta de informação (dúvidas, por exemplo, sobre a localizaçãao do clitóris) e a aceitaação sem restrições dos mitos culturais (acreditar, por exemplo, que a capacidade para a função sexual desaparece com a idade), também são incluídas como possíveis causas das disfunções.

- Fatores impessoais como pouca comunicação, tanto nas áreas sexuais como nas não sexuais de um relacionamento. Esses problemas de comunicaçãao podem causar diretamente uma disfunção sexual (através de mal-entendidos ou da defensiva) ou podem desempenhar um papel-chave na perpetuação de uma disfunção. Outros fatores interpessoais freqüentemente ligados às disfunções sexuais incluem as lutas pelo poder dentro do relacionamento, hostilidade para com o parceiro, preferência por outro parceiro e conflitos quanto ao seu papel sexual.

3.2.1 - CAUSAS CONJUGAIS DE DISFUNÇÕES SEXUAIS

Os sntomas sexuais, como todas as formas de psicopatologia, são o produto da interação entre o indivíduo e seu ambiente. No passado a psiquiatria procurou curar os pacientes diretamente, transformando-os, isto é, modificando a química do seu cérebro, os conflitos, temores, o sentimento de culpa, etc... e ignorou amplamente o sistema sexual, as relações as quais eles estão respondendo. Entretanto, o estudo de casais com disfunções sexuais, revelou que o sistema sexual em que estes pacientes tentam funcionar é quase sempre muito destrutivo e desumano. Seria disfuncional para uma pessoa, ter vida sexual em tal sistema, onde há medo, rejeição, incompreensão, humilhação, exigência e alienação entre os parceiros. Num sistema tão destrutivo é mais funcional alienar-se e retrair-se do que ter atividade sexual. O reconhecimento de que as dificuldades sexuais têm quase sempre suas raízes nas vicissitudes das relações conjugais é um dos progressos das ciências do comportamento. O sistema ou padrão que governa as relações é muitas vezes a maior fonte de disfunção sexuaal e o alvo preciso de intervenção e não problemas individuais de cada cônjuge. Tornou-se também claro, num nível clínico, que um parceiro está na posição única de fortalecer ou destruir o prazer e o funcionamento sexual do outro.

a) A REJEIÇÃO

Quando as pessoas se detestam mutuamente ou quando ambos acreditam que o parceiro é física ou psicologicamente repulsivo, provavelmente que não sejam capazes de funcionar sexualmente juntos, a menos que sejam desprendidos, insensíveis ou alienados. Quando tais parceiros incompatíveis, procuram soluções para seus problemas sexuais eles não podem se compenetrar de que a rejeição profunda do aprceiro é a razão primária da sua falta de orgasmo e dificuldades eréteis, embora isto seja óbvio para uma terceira pessoa.

b) A DISCÓRDIA

Por que os casais destroem a sexualidade um do outro? Como eles realizam isto?
Dentre as emoções neuróticas e destrutivas originadas das relações comumente observadas na prática clínica, duas são mais impressionantes:

1- Hostilidade rebelde e raiva do parceiro.
2- Medo de rejeição e abandono.

Ambas as atitudes são muito destrutivas à sexuaalidade. Relacionadas a estas estão as lutas pelo poder entre esposos. Outras fontes de dificuldades podem ser encontradas nas decepções "contratuais" que têm origem nas expectativas ilusórias do casamento e em relaçao ao parceiro; outro fator pode ser atribuído pelas dificuldades de comunicação. É importante que o terapeuta do sexo tenha profunda compreensãao de tais transações conjugais patológicas porque freqüentemente elas contribuem para as disfunções sexuais. O homem que se enraivece quando sente que a esposa está procurando controlá-lo, pode experimentar dificuldades aréteis quando ela quiser fazer amor.

c) A FALTA DE CONFIANÇA

Relações amorosas e dignas de confiança são necessárias para assegurar o bom funcionamento sexual. A raiva e a frustração de um homem pela falta de amor da esposa podem prejudicar sua conduta sexual. Na prática clínica, freqüentemente encontramos a falta de confiança como um fator importante nas disfunções sexuais. Quando um parceiro tem a certeza de que será compreendido, que não será abandonado, nem humilhado caso não consiga orgasmo nem ereção, o medo do fracasso sexuaal é grandemente diminuído.

d) A LUTA PELO PODER

São produtos de transferências infantis (cada parceiro é dominado pela necessidade de controlar o outro). Destas lutas surgem o ódio e a raiva e, quando tais lutas são o tema dominante nas relações de um casal os outros objetivos importantes da vida tornam-se secundários. A motivação da luta pelo poder bem como a raiva e o ódio que ele gera e os efeitos destrutivos sobre ambos geralmente atuam sem que o casal tenha consciência disto. Isto em parte, é responsável pela tenacidade deste padrão de comportamento a despeito do sofrimento que causa. O funcionamento sexual pode ser envolvido especificamente, se a pessoa, inconscientemente deixar-se dominar por advertências da infância , como por exemplo, "nenhuma mulher vai querê-lo", "você não deve", "você não pode", "você irá para o inferno se fizer", etc.

e) DECEPÇÕES CONTRATUAIS

Quando nos casamos assinamos psicologicamente um contrato de casamento: "amar, honrar e obedecer, até que a morte nos separe". Os esposos concordam conscientemente com alguns termos:
1 - Você terá a responsabilidade financeira e eu a da casa e dos filhos.

2 - Você me dará fama e prestígio, poder e bens materiais e eu me submeterei a você, cuidarei de você e porei as suas necessidades em primeiro lugar.

Entretanto, muitos dos termos estão fora do conhecimento de ambas as partes. Os transtornos ocorrem quando estes contratos são mutuamente contraditórios ou impossíveis de serem cumpridos em virtude de serem de natureza irreal ou por causa das limitações emocionais e intelectuais de um dos parceiros ou devido a hostilidade e ansiedade de ambos. Quando um dos parceiros cumpre sua parte no contrato e não é retribuído, fica enraivecido e deprimido sem compreender claramente a fonte ou intensidade de suas reações.

f) SABOTAGEM SEXUAL*

Quais as causas imediatas de disfunções sexuais produzidas por brigas conjugais e qual sua relação coma referida disfunção sexual?
As vezes é uma simples irritação, raiva, ou medo do parceiro que inibe a resposta sexual, em outros casos, uma larga faixa de manobras de sabotagem sexual é empregada por parceiros conjugais ambivalentes. Em essência, relações sexuais fracas de um dos parceiros deixam de encorajar o vigor da manifestação sexual do outro, em vez disto, punem, desanimam, frustram, abalam a segurança sexual do outro de uma maneira velada que não é reconhecida ou apreciada por nenhum dos dois inimigos ocultos. Eles são incrivelmente sensíveis às necessidades e aos pontos fracos do outro e usam este conhecimento para "castrar" com eficiência. A sabotagem sexual não é franca nem manifesta, mas sutil e despercebida por ambos. Alguns exemplos encontrados na prática clínica:

1- Pressão e tensão: antes do momento de fazer amor provocar desarmonia, fazer exigências, criticar, insultar o parceiro, trazer à baila assuntos que ocasionam ansiedade, como os de preocupaação com dinheiro, exigir logo o ato sexual, dar a entender que espera ereção instantânea, substimá-lo sexualmente, dizer que só o orgasmo do coito é aceitável, indicar que ele não lhe está dando prazer e não dizer o que lhe daria prazer, falar alguma coisa que provoque raiva ou ansiedade, falar a respeito de ser abandonado.

2- Agir no momento exato: cada vez que o marido quer fazer amor a mulher ou está cansada ou tem de terminar uma porção de coisas como por exemplo, lavar a louça, cuidar das crianças, dar um telefonema, etc.

3- Fazer-se repulsivo: o parceiro que, inconscientemente, destrói a própria atração sexual (engorda, não se arruma, nem cuida da toilete, se movimenta de maneira desajeitada e não sensual ou fala em tom áspero). Não é surpresa que um homem fique impotente quando se deita com a sua mulher gorda, suarenta, mal cheirosa, sem ter tomado banho nem ter escovado os dentes, mas que teve o trabalho de encher a cabeça com rolinhos. Com este tipo de dinâmica as pessoas tendem a ser colocadas de lado.

* Kaplan, Helen. A nova terapia do sexo. Ed. Nova Fronteira, 1977, 165-168pp.


4- Frustração dos desejos sexuais do parceiro: é o reverso da sedução; o parceiro recusa tudo o que o utro deseja, dizendo que o que se quer é repelente, provocador de ansiedade, imoral, contrário aos seus sentimentos. São eles:

Ele gosta que ela mexa os quadris.
Ela fica imóvel.
Ele gosta de sentir-se amado e desejado.
Ela está cansada e "fazendo-lhe um favor".
Ele gosta de mover-se ativamente (toca nos seios dela).
Ela o prende e segura; diz que sente cócegas ou não gosta.
Ele gosta de relaxar e conversar antes da relação.
Ela se atira sem uma palavra.
Ele gosta de experimentar.
Ela diz o que não seja atitude ou posição normal é perversão.
Ele tem enorme prazer com a cunilíngua (lamber).
Ela tem repugnância pelo ato.
Ele gosta de felação (chupar).
Ela tem repulsa pelo jorro da secreção ou engolir sêmen dá náusea.
Ele tem melhores ereções pela manhã.
Ela insiste na noite.
Ele gosta estimulação anal.
Ela fica horrorizada com a idéia.

Estas interações frustradoras podem refletir hostilidade prfunda que precisa ser resolvida. Mas nem sempre as transações sexualmente são destrutivas, não são expressões de hostilidade para com o parceiro. Quase sempre o comportamento de sabotagem é conseqüência de problemas intrapsíquicos do parceiro e/ou ansiedade e insegurança a respeito do funcionamento sexual. Um homem que tenha ejaculação precoce pode ser muito apressado nas atividades que antecedem o ato sexual, não porque esteja lutando com a esposa pelo poder, mas por temer que ao tocar-lhe o corpo, fique tão excitado a ponto de perder o controe sobre a ejaculação.

g) DIFICULDADE NA COMUNICAÇÃO

Quase sempre a comunicação insuficiente não só contribui como perpetua as dificuldades sexuais. Os homens que apresentam disfunções sexuais quase sempre falham em comunicar-se e muitas vezes atuam no escuro e, o que é mais destrutivo, é orientado por premissas falsas em relação ás respostas sexuais da parceira. Estas dificuldades de comunicação podem originar-se de causas variadas, surgem de atitudes de vergonha e de sentimentos de culpa, influenciados pela educação. Tais homens têm dificuldades gerais de comunicação e a falta de franqueza na área sexual é parte da dificuldade maior. As dificuldades na comunicação podem mobilizar sentimentos paranóides no homem se este precisa desempenhar sempre o papel de vitorioso e não pode admitir nenhum sinal de "fraqueza"; está mais propenso a evitar o sexo e rejeitá-lo, do que dividir francamente as preocupações sobre suas ejaculações incontroláveis.

4 - PONTO DE VISTA PSICANALÍTICO X PONTO DE VISTA BAHAVIORISTA

A Psicanáalise tradicionaal acha que a disfunção não é um problema primário, mas um sintoma de perturbação psicológica mais profunda. Os analistas afirmam que a disfunção erétil e a ejaculação prematura resultam de ansiedade de castração e dos desejos edipianos frustrados que ficam no nivel do inconsciente. A teoria do condicionamento acha que a disfunção é uma reação condicionada ou adquirida. Um homem pode desenvolver uma disfunção erétil se a sua parceira criticar constantemente o seu desempenho ou se sentir culpado depois de cada encontro sexual. A ejaculação precoce pode ter sido provocada, através de experiências sexuais prematuras - quando se deseja ejacular rapidamente. Essas experiências podem incluir situações tais como o risco de ser descoberto por outra pessoa ou fazer sexo num estacionamento; ou a masturbação em grupo, quando a rapidez ejaculatória era vista como sinal de virilidade. Se o condicionamento é muito forte, não pode ser "apagado" facilmente, mesmo que mudem as circunstâncias. O modelo da teoria do condicionamento afirma também que algumas disfunções continuam por causa de um reforço positivo, isto é, a disfunção pode resultar um aumento de carinho ou atenção por parte de um parceiro, ou pode dar vantagem a uma pessoa numa luta pelo poder. Além disso, os behavioristas, em geral, acreditam que a compensação exata da causa no tratamento da disfunção sexual é menos importante do que o reconhecimento das condições que acarretam o problema, já que estas precisam ser mudadas.

5 - TERAPIA SEXUAL

Antes de 1970, o tratamento das disfunções e dos problemas sexuais, em geral, era função da psiquiatria. O modelo psiquiátrico tradicional do tratamento individual (um terapeuta para cada paciente), era usado quase sempre. Hoje em dia, a terapia sexual é um setor que inclui profissionais de diferentes campos da psicologia, medicina, assistência social, enfermagem, etc., como também muitas abordagens.

5.1 - ALGUNS TIPOS DE TRATAMENTO

Dentro da abordagem behaviorista encontram-se vários métodos para reduzir a ansiedade, tais como: a dessenbilização, treinamento para relaxar (aprende-se um tipo de respiração específica e exercícios musculares para reduzir a tensão) e o treinamento de afirmação (aprender a dizer o que sente e o que precisa). A terapia Racional Emotiva (TRE) de Ellis, também é uma abordagem útil para os problemas sexuais. A TRE ajuda as pessoas a superarem crenças irracionais e expectativas irreais que alimentam a sua disfunção sexual. No modelo Masters e Johnson geralmente trabalha-se com casais. Desloca o foco terapêutico para o relacionamento ao invés de ser para o indivíduo. Este modelo utiliza dois terapeutas - um homem e uma mulher trabalhando juntos como um tipo de co-terapia.

6 - METODOLOGIA

O instrumento utilizado nesta pesquisa foi um questionário com dezesseis questões. A amostra foi representada por quarenta homens de nível universitário com idade de vinte anos acima.

- Objetivos: se a teoria constatada, confere com a realidade. Saber como se encontra o homem hoje em relação a sua sexualidade.

- Metodologia: através de pesquisa de campoa. Pesquisa acadêmica.

- Dados a seguir: faixa etária20 anos acima. Nível sócio-econômico classe média. Amostragemde 40 pessoas.

- Escala geral:
1 a 2 - tendência altamente liberal.
2 a 3 - tendência liberal.
3 a 4 - tendência mais liberal do que conservadora embora não totalmente conservadora.
4 a 5 - tendência mais conservadora do que liberal embora não totalmente conservadora.
5 a 6 - tendência conservadora.
6 a 7 - tendência altamente conservadora.


QUESTIONÁRIO

Você está recebendo um questionário, com afirmações que se referem à sexualidade masculina. Você deve assinalar com um X a alternativa que mais lhe diga respeito, não eixando nenhuma afirmação sem resposta. Assinale Concordo completamente, concordo, concordo em parte, discordo em parte, discordo, discordo completamente.

01) O desempenho social de um homem está intimamente relacionado a seu bom desempenho sexual.
02) A incapacidade sexual no homem torna-o envergonhado, confuso ou deprimido.
03) A impotência sexual masculina surge somente em indivíduos de idade mais avançada.
04) O homem tem que resolver suas dificuldades sexuais sozinho, pois não merece passar pela humilhação de procurar um profissional.
05) O homem sempre tem que satisfazer a mulher.
06) A impotência sexual masculina é causada por fatores psicológicos.
07) A droga interfere na potência sexual do homem.
08) A potência sexual masculina está intimamente ligada a grandes quantidades de relações sexuais.
09) O medo, a rejeição, as exigências e a alienação entre os parceiros são aspectos que geram dificuldades sexuais entre o casal.
10) A "incapacidade" sexual no homem é um reflexo precário de suaa masculinidade.
11) Um homem com ejaculação precoce deve evitaar o sexo com sua parceira e procurar resolver o problema sozinho, para que o relacionamento não seja ainda mais prejudicado.
12) A capacidade para a função sexual desaparece com a idade.
13) O tamanho do pênis do homem é "documento".
14) A ejaculação precoce não é um problema tão sério que justifique um homem a procurar ajuda de um profissional.
15) A impotência sexuaal é causada por fatores orgânicos.
16) A mulher é a grande responsável pela impotência de seu parceiro.

7 - RESULTADOS

Verificamos através desta pesquisa que oitenta e cinco por cento (85%) dos homens entrevistados apresentam uma visão liberal em relação à sexualidade masculina. Doze vírgula cinco por cento (12,5%) apresentam uma tendência mais liberal que conservadora, embora não totalmente liberal em relação à sexualidade masculina. Dois vírgula cinco por cento (2,5%) apresentam uma tendência altamente liberal em relação à sexualidade masculina.

8 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Na população entrevistada de nível universitário, pode-se observar que uma pequena parcela (2,5%) apresentou uma tendência altamente liberal em relação à sexualidade masculina no que diz respeito as disfunções sexuais, o que nos remete a supor que estes indivídus apresentam uma grande facilidade em expressar sua sexualidade. Isto provavelmente refletirá, de forma positiva, uma vez que estes indivíduos reunirão condições de lidar melhor com possíveis problemas de disfunções sexuais. Verificou-se que uma parcela pouco mais significativa (12,5%) apresentou uma tendência mais liberal do que conservadora, embora não totalmente liberal, lebando-nos a supor que esses indivíduos têm facilidade em lidar com sua sexualidade, embora possam apresentar alguma sificuldades em determinadas situações. Na parcela mais expressiva (85%), notou-se uma tendência liberal em relação a sexualidade, de onde podemos dizer que esses indivíduos conseguem lidar de maneira equilibrada com sua sexualidade. Através desse resultado, podemos concluir que o homem vem ao longo dos tempos elaborando melhor a questão da sua sexualidade, levando-se em consideração o nível cultural dos entrevistados. Em função dessa conclusão, podemos acreditar que hoje, o homem adota uma postura mais clara e mais aberta no que diz respeito a problemas disfuncionais de ordem sexual, o que facilita a atuação de profissionais da área em trabalho com sua população alvo.

BIBLIOGRAFIA

- MASTERS, Willian H. e JOHNSON, Virgínia E. O relacionamento amoroso. Segredos do amor e da intimidade sexual. Ed. Nova Fronteira. 1986. R.J.
- KAPLAN, Helen. A nova terapia do sexo. Ed. Nova Fronteira. 1977.
- KUSMETZOFF, J. C. O homem sexualmente feliz. Ed. Nova Fronteira. 1978.
- HITE, Shere. O relatório Hite sobre a sexualidade masculina. Ed. Bertrand Brasil S/A. 4ª ed. 1991.
LEIBLUM, Sandra R. Princípios e prática de terapia sexual. Ed. Zahar. R. J. 1982.
McCARTHY, Barry. O que você (ainda) não sabe sobre a sexualidade masculina. Ed. Summus. vol. 1. S.P. 1977.