sábado, 20 de dezembro de 2008

O CASO DO PEQUENO HANS - Análise de uma fobia

Os relatos sobre Hans datam de um período em que ele se estava para completar três anos de idade. Naquela época, ele demonstrava um interesse particularmente vivo por aquela parte do seu corpo que ele costumava chamar de 'pipi'. Com essa mesma idade entra num estábulo e ve ordenharem uma vaca e diz que está saindo leite do pipi dela. Seu interesse pelos pipis de modo algum era um interesse puramente teórico; como era de se esperar, também o impelia a tocar em seu membro. Aos três anos e meio sua mãe o viu tocar com a mão no pênis e o ameçaça de chamar o Dr. A. para cortar fora seu pipi e ele diz que se cortar o pipi dele ele fará com o traseiro. Aproximadamente com essa mesma idade o pequeno Hans, de pé em frente à jaula dos leões, em Schönbrunn, gritou com voz alegre e animada ter visto o pipi do leão. Isso favoreceu que ele chegasse a um autêntico conhecimento abstrato. Certa vez aos três anos e nove meses na stação ferroviária viu água saindo de uma locomotiva e disse 'olha, a locomotiva está fazendo pipi. Mas onde está o pipi dela?' Depois de pequena pausa, acrescentou com alguma reflexão 'Um cachorro e um cavalo tem pipi; a mesa e a cadeira não'. Assim, toma consciência de uma característica essencial de diferenciação entre objetos animados e inanimados. A curiosidade de Hans orientava-se em aprticular para seus pais. Pergunta ao pai se ele tem pipi. O pai responde que sim. Hans diz que nunca viu quando o pai tirava a roupa. Em outra ocasião olha insistentemente sua mãe despida, antes de ir pra cama. A mãe pergunta para que ele estava olhando pra ela daquele modo. Hans responde que só queria ver se ela também tem um pipi. Sua mãe respone que sim. Hans diz a mãe que penseou que ela fosse tão grande que tinha um pipi igual ao de um cavalo.
O grande evento na vida de Hans foi o nascimento de sua irmãzinha Hanna, quando ele tinha três anos e meio. Lhe disseram que a cegonha iria trazer uma menina ou menino. É levado ao quarto e não olha para a mãe mas sim para as bacias e outros recipientes, cheios de sangue e água que ainda estavam espalhados pelo quarto. Apontando para a comadre suja de sangue observou, num tom de surpresa: "Mas não sai sangue do meu pipi". Hans tem muito ciúmes da recém-chegada. Adoeceu subitamente com uma forte dor de garganta, e durante a sua febre ouviram-no dizer que não queria uma irmãzinha. Uns seis meses mais tarde supera o seu ciúme e sua afeição fraternal pelo bebê era igualada apenas pelo seu sentimento de superioridade quanto a ela. Hans observa a irmã de 7 dias a quem davam banho e observa que o pipi dela ainda é bem pequenininho e que quando ela crescer vai ficar bem maior. O primeiro traço de homossexualidade (e não será o ultimo) surge entre Hans e um primo de 5 anos que veio lhe visitar. Hans constantemente colocava os braços ao redor dele e num desses ternos abraços diz que gosta muito do primo.