quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O DESENVOLVIMENTO AMOROSO

"O amor é o ridículo da vida", já dizia o poeta. Para se amar alguém é necessário se sentir necessitante. A única condição básica para amar é exatamente não se amar o suficiente, pois amando-se o suficiente não há mais espaço psíquico pra amar mais ninguém. A figura que está com ele (a) é a figura que me faltava. Mas essa figura não é a figura que me faltava, pois o que me faltava está dentro de mim. Eu dou o que ele não tinha, pois o que ele não tinha era meu. A pessoa procura alguém para o seu próprio bem-estar. O outro nos faz descobrir o amor por nós mesmos. O outro nos faz descobrir também o ódio por nós mesmos. Passamos a agir de acordo com o que as nossas fantasias exigem. Fantasia é algo que determina o que somos. Os objetos são para o sujeito, do jeito que as suas fantasias querem. As coisas só irão bem quando se encontrar alguém pra dividir sua vida. Não tem jeito de começar o amor se não for de uma maneira apaixonada, ou seja, sem antes passar pelo estado da paixao. Quando a paixão inicia, não consegue-se enxergar na figura amada os defeitos, as coisas ruins. A paixão tem o poder de destruir para poder criar. É importante manter essa forma apaixonada de amar, se não fosse assim, não iniciaria-se nada. A medida que se exige uma compreensão lógica do (a) namorado (a) apaixonado (a), não vai dar certo. Ele (a) vai projetar todos os objetos maus internalizados em cima do (a) parceiro (a). Ele (a) vai funcionar em cima do desejo e da necessidade, ele (a) não vai acreditar no parceiro (a) e vai se tornar paranóico (a). Um casal de namorados, dentro dos conformes, a mulher convida o parceiro para um sítio, mas ele não vai. Ela vai sozinha e encontra lá um rapaz muito bonito. Não fazem nada mais do que conversar. Na volta, a moça tem toda uma sensação de culpa. Para Freud, todo inocente que se sente culpado, é culpado. Qual é a pessoa que gosta de si mesma quando está apaixonada? Quando se está apaixonado (a) fica-se meio-morto (morto-vivo). Quando alguém se apaixona é igual a quando alguém enlouquece. Mas, toda paixão é rompida. Quando você não destrói a pessoa, alguém vai destruir por você, por que você dá brecha. A paixão é sempre um estado ideal por isso tem de ser rompida, pois nem tudo o que se idealiza é da forma que se idealiza. Eu me apaixono por uma pessoa que eu penso que você é. Uma vida a dois tem que ser cíclica. Você tem que examinar e ser examinado. Se você é capaz de ter uma paixão, amar e destruir essa paixão, tem que estar preparado para se "fuder" também. A segunda paixão é já diferente.O namoro é a possibilidade de colocar a paixão dentro de um esquema mais especial. Depois do namoro vêm as histórias que a pessoa por quem você se apaixonou vai falar. O primeiro suspiro da paixão e do amor é o último da sabedoria. Juízo é bom para quem não tem paixão. Amor não se entende, sente-se. É preciso usufruir um pouco da loucura. Se você não viajar um pouco não vai conseguir conversar com o outro. Não vai dar pra namorar sabendo já o fim da história, não vai dar pra namorar se não se arriscar. Se não deixar sua cabeça pensar todas as coisas, não vai poder namorar. Quem se entrega de cara sofre. O afeto independe de moralismo. Como é que você pode namorar? É preciso ter segurança, quem sabe de você é você mesmo. Separa a pessoa do resto do povo. Qualquer pessoa que esteja desconfortável não pode deixar ninguém confortável. Só namora quem tem uma idéia boa de namoro. Infelizmente somos acostumados a amar educando, nunca compartilhando as diferenças. O ciúme é o primeiro movimento que se tem pra amar, é quando se começa a controlar o objeto. Você se dá conta que jogou no outro muitas possibilidades. Agora eu sou tudo, o outro é que não me entende (surge a depressão). Já que eu não posso fazer tudo, eu faço o que posso, pois existem limites. Quando se começar a descobrir que o outro faz coisas, não para me destruir, mas sim por que gosta, nessa fase se inicia o amor. Ninguém vai ser feliz fora da condição humana. Amar não é fácil, não é simples. Apaixonar-se é ingenuidade, amar é sofisticar a ingenuidade. Desapaixonar-se é o medo de perder a ingenuidade. Para amar é preciso introjetar (é preciso vir do outro um sinal que você entenda). A medida que vem o amor, a capacidade que se tem de achar que a realidade e as frustrações lhe prejudicam, diminui. Casamento é uma maneira que se tem de se consertar, uma maneira de tratar do narcisismo. É difícil, é batalha, é chão. Casamento é a cura - mesma coisa que - se tratar. Qualquer pessoa pela qual nos apaixonamos, pode ser a nossa vida ou a nossa morte. Ninguém é reponsável por felicidade nenhuma nossa. Só nós mesmos, somente a gente pode se conter. Casamos com quem odiamos e não com quem amamos. Casamos com o diferente pra lembrar do igual.

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